Nas redes sociais circula a tese de que a China teria banido a Coca-Cola do país e proibido o consumo por humanos da bebida originária dos Estados Unidos, que deveria passar a ser usada apenas como material de limpeza.
Num texto amplo e onde são referidos países como Turquia, Índia, Letónia ou Ucrânia — com a informação de que teriam seguido o mesmo caminho da China e banido a Coca-Cola —, é descrito um processo em que “mais de 500 prisioneiros foram escolhidos nas prisões chinesas para realizar experiências e pesquisas” ao beberem o refrigerante “três vezes ao dia durante seis meses”. No decurso dessa pesquisa, ainda de acordo com a publicação, “75 pessoas morreram”, 150 pessoas ficaram “infetadas”, outras “incapacitadas”, mas também houve “danos à saúde de vários graus de gravidade”, nomeadamente com agravamento de doenças crónicas.
“Com base nestes dados, a autoridade chegou a conclusões sobre o perigo dos refrigerantes para a vida e a saúde humana, o que levou à decisão de retirar imediatamente a Coca-Cola de todas as mercearias do país”, pode ler-se na mesma declaração.
Porém, não há nem uma indicação de que esta pode ser uma informação verdadeira e há vários factos que o confirmam. Em primeiro lugar, o site da Coca-Cola continua ativo e sem qualquer referência a uma mudança da marca na China. Depois, Gilles Leclerc, presidente da unidade operacional da Grande China e Mongólia da empresa Coca-Cola, deu uma entrevista à CEO Magazine, a 29 de janeiro de 2024, onde falou sobre a presença da empresa no país e sobre o futuro.
“Adoramos o facto de existirem grandes desafios neste mercado e também grandes oportunidades. A China continua a ser um dos mercados mais – se não o mais – competitivo da nossa indústria”, explicava Gilles Leclerc nessa entrevista, o que prova que não há qualquer intenção de a Coca-Cola abandonar o país ou de ter sido proibida a sua comercialização e consumo na China.
Aliás, a Coca-Cola é uma das marcas mais conhecidas do mundo, o refrigerante com o mesmo nome é um dos mais consumidos do mundo e a China é um mercado enorme, como o próprio presidente da unidade operacional da Grande China e Mongólia assume, pelo que seria completamente impossível a China tomar uma decisão desta dimensão e esta não ser amplamente divulgada por meios de comunicação credíveis.
Conclusão
Não há nada que prove que a China baniu a Coca-Cola, proibindo a bebida norte-americana de ser consumida por humanos. Com a dimensão da empresa dos EUA, seria natural que a notícia fosse difundida por órgãos de comunicação sociais fidedignos um pouco por todo o mundo e o facto de isso não ter acontecido prova que se trata de uma informação falsa. Mais do que isso, o site da empresa na China continua ativo e Gilles Leclerc, presidente da unidade operacional da Grande China e Mongólia da empresa Coca-Cola, deu uma entrevista em janeiro em que não fez qualquer referência sobre uma mudança radical nesse mercado.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.