20 anos passados, o 11 de setembro continua a ser um dos temas mais falados nas redes sociais. A propósito da efeméride este mês, uma publicação de Facebook do passado dia 13 de setembro partilha um tweet onde se questiona o seguinte: “não havia taxas de bagagem antes dos atentados de 11 de setembro?”. Trata-se, no entanto, de uma publicação falsa.
Além desta dúvida, a publicação tem também outras alegadas informações. Por exemplo, refere-se que não era necessário remover os sapatos, que era possível levar água no avião ou que esta medida de cobrar taxas de bagagem serviu para ajudar a indústria aérea a recuperar depois dos atentados em solo norte-americano. Ainda assim, com todas estas preocupações levantadas, nenhuma partilha dados credíveis que permitam validar aquilo que é defendido.
A verdade é que nos Estados Unidos da América, o epicentro deste atentado terrorista, o controlo de passageiros e de bagagens nos aeroportos subiu consideravelmente a partir do 11 de setembro de 2001. Mas, segundo o Check Your Fact, fact-checker norte-americano, a implementação das taxas de bagagem referidas na publicação só aconteceu por causa da recessão económica– a famosa crise dos Lehman Brothers, ou do subprime — que começou em 2007, o que fez com que o número de viagens diminuísse e o preço dos bilhetes aumentasse.
A par disso, o aumento do preço dos combustíveis em 2008 fez com que o preço das viagens também sofresse alterações. Estes são dados tanto de jornais norte-americanos, como o The New York Times, bem como de instituições daquele país, como relatórios devidamente credenciados sobre a indústria de aviação, escritos pelo Departamento de Transporte dos EUA.
Para explicar este aumento, basta então olhar para os tais relatórios. “Em resposta aos desafios económicos, as companhias aéreas começaram, em 2008, a cobrar por vários serviços tais como taxas para a primeira mala ou a segunda mala”, lê-se num relatório do governo norte-americano de 2010. Antes, e mesmo com o 11 de setembro pelo meio, as taxas só eram cobradas quando o peso da bagagem era ultrapassado ou para passageiros que registavam uma terceira bagagem.
Essa confirmação veio através do professor Peter Belobaba, investigador de economia do transporte aéreo no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, que foi taxativo na resposta ao Check Your Fact: “As companhias áreas norte-americanas começaram a cobrar essas taxas a partir de 2008, não tem nada a ver com o 11 de setembro”, referiu.
Nos anos seguintes, tanto na Europa como na Ásia, estas taxas foram sendo introduzidas no mercado aéreo. É claro que muito mudou após os atentados às Torres Gémeas, tal como relembram inúmeros artigos e documentários sobre a temática. Por exemplo, segundo Associated Press, dois meses depois dos ataques terroristas, George W. Bush assinou uma legislação que criava a Administração de Segurança no Transporte, ou seja, uma força federal que substituiu as companhias de segurança privadas. Em que é que isso se traduziu? No reforço das portas do cockpit, maior controlo (raio-x) da bagagem, alguns objetos banidos (x-ato), checkpoints de controlo com filas e filas de espera, ou limitação dos líquidos a levar para dentro dos aviões.
Conclusão
Sim, é verdade que o controlo nos aeroportos mudou muito desde os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Mas o facto de os aeroportos cobrarem uma taxa de bagagem pela primeira, segunda e terceira malas nada têm a ver com o episódio trágico que ditou a queda das Torres Gémeas. Tal como explicado pelo fact-checker norte-americano Check Your Fact, a introdução dessas taxas ocorreu por causa da crise financeira de 2007, que começou nos Estados Unidos da América e depois se espalhou por vários países. A indústria de aviação, por ter ficado economicamente afetada, introduziu estas taxas para suprimir os danos financeiros e fazer face aos constrangimentos do mercado.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.