Afinal, quem é o responsável político com maior responsabilidade no desmatamento da Amazónia? Nas redes sociais, muitos internautas apontam o dedo a Luiz Inácio Lula da Silva que, dizem, em comparação com Jair Bolsonaro teve uma prestação pior. No domingo, 16 de outubro, no primeiro debate entre os dois candidatos à Presidência do Brasil, esse foi um dos temas quentes e Bolsonaro repetiu muitos dos argumentos que surgem nas redes sociais. A segunda volta, de onde sairá o próximo Presidente, é a 30 de outubro.

O “deboche” da Covid-19 e a “roubalheira” do Petrolão. O primeiro frente a frente de Lula e Bolsonaro acabou em empate técnico

Uma das publicações que o Observador analisou começa assim: “Entre Janeiro e Agosto de 2022, o acumulado de alertas de desmatamento na Amazónia foi de 8.590 km², o regime máximo de desmatação da Amazónia durante o governo do Presidente Bolsonaro foi 10,8 mil km² entre agosto de 2019 e julho de 2020, menor que o de Fernando Henrique Cardoso (29.1 mil km² em 1995 e 18,2 mil km² em 1999/2000) e Lula (27,7 mil km² em 2004 e 25,4 mil km² em 2003).”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A publicação tem corrido as redes sociais

O mesmo utilizador continua a fazer contas. “Por média\ano por mandato FHC 19.150 km², Lula 15.700 km², Dilma\Temer 5,37 km² e Bolsonaro 10,6 km², média em linha com os governos de esquerda do PT que foi de 10.535 km². Comparando só Lula com Bolsonaro, o atual Presidente tem menos 48%, desmatado por ano, que o ex-Presidiário.”

Já no debate entre os dois candidatos presidenciais, Bolsonaro afirmou que Lula da Silva atingiu maiores taxas de desmatamento da Amazónia que o atual Presidente nos seus próprios mandatos.

Vamos aos números. Os dados existem e podem ser consultados no site do projeto Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) que demonstra, sem sombra para dúvidas, que os valores de Lula são superiores aos de Bolsonaro. No entanto, a diferença não é de 48% (o valor correto é 27,1%) e é preciso olhar para os detalhes para entender os números.

A Globo, na sua edição de domingo, alerta para isso mesmo: “O petista, de facto, teve maior média anual de desflorestamento no seu governo, mas pegou o indicador em alta e o entregou na mínima histórica, em 2010. Já Bolsonaro recebeu o indicador num patamar menor e, nos três primeiros anos de seu governo, houve disparada.” Portanto, com Lula da Silva, a tendência foi para reduzir o desmatamento, enquanto que com Bolsonaro foi para aumentar.

Quanto aos números, a média anual de desmatamento do governo de Lula da Silva (nos dois mandatos) foi de 15,7 km². A média de Bolsonaro é de 11,3 mil km² nos três primeiros anos de governo.

Quanto a subidas e descidas, escreve o Globo, Lula reduziu o desmatamento da Amazónia em 61%, enquanto que Bolsonaro o aumentou 73%. Quando chegou ao Palácio do Planalto, a taxa de desmatamento estava em 7,5 mil km² e, em 2012, já tinha alcançado os 13 mil km² — o valor mais alto desde 2006.

Conclusão:

Há números factualmente errados na publicação: Jair Bolsonaro não tem menos 48% de desmatamento do que Lula da Silva (o valor do petista é mais alto, mas a diferença é de cerca de 27%). Além disso, durante a Presidência de Lula, a taxa anual de desmatamento da Amazónia manteve uma tendência de queda, enquanto que com o atual Presidente brasileiro ela não tem parado de subir.

Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

IFCN Badge