Nas redes sociais estão a circular várias publicações que sugerem que o governo espanhol manipula a meteorologia e que a prova está num documento publicado pela AEMET (Agência Estatal de Meteorologia em Espanha). Nas várias partilhas sobre o tema é dito que o governo “semeia os céus” através de nanotecnologia.

O texto que é citado aponta para a existência de técnicas que permitem provocar precipitação e nota que em Espanha há dificuldades de aplicar esta técnica em alguns locais devido à variedade de climas do país — mas acusa o governo espanhol de manipular o clima.

Em resposta ao Observador, a AEMET começa por explicar que o artigo em causa se debruça sobre a “alteração artificial do tempo, e não do clima, e da sua situação atual”. Questionado sobre se a afirmação de que “o governo de Espanha admite que semeia o céu com nanotecnologia para modificar o clima” é verdadeira, o instituto é perentório:

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“A afirmação é absolutamente falsa, em nenhuma parte do artigo mencionado é dada a indicação de que o Governo se Espanha admita que leva a cabo alguma atividade de manipular com nanotecnologia.”

A AEMET explica que o artigo em causa refere “técnicas de alteração artificial de tempo”, ao esclarecer que nos últimos anos foram testados “novos materiais” com o intuito aumentar a precipitação. “Evidentemente, refere-se a organizações de pesquisa financiadas por alguns países (como os Emirados Árabes Unidos) que estão a contribuir para a modificação artificial do clima” e que tem como objetivo “resolver a escassez de água” e “em nenhum caso se refere ao governo da Espanha ou que essas atividades estão a ser realizadas em Espanha”.

Na mesma resposta, a agência assegura que o artigo “em nenhum momento indica que se pode modificar o clima deliberamente” e refere que “a modificação artificial do tempo é muito diferente da suposta modificação do clima”. Para o defender, a AEMET esclarece que, nos últimos anos, houve alterações do clima que aconteceram de forma “não deliberada” através de “atividades antrópicas” (ou por ação do ser humano), nomeadamente o uso de combustíveis fósseis.

“Em abril deste ano atingimos 421,95 ppm (partes por milhão) na concentração média mensal de CO2 (dióxido de carbono). Esse gás de efeito estufa, juntamente com outros, está a contribuir para uma mudança no clima cujo efeito mais visível é o aquecimento da atmosfera. Para ver quão alta é a fasquia, vamos mencionar que em 1984 a concentração era de cerca de 345 ppm e que em meados do século XIX era de 270 ppm. Ou seja, nos últimos 30 anos adicionámos muito mais CO2 à atmosfera do que nos 120 anos anteriores”, explica.

Conclusão

Não há nada que indique a veracidade dos factos, até porque as teorias de modificação do clima são das mais comuns entre os negacionistas da ciência. Mais do que isso, a AEMET assegurou ao Observador que a informação divulgada no vídeo é “absolutamente falsa” e deixou claro que “em nenhuma parte do artigo mencionado é dada a indicação de que o Governo se Espanha admita que leva a cabo alguma atividade de manipular com nanotecnologia”. A questão da modificação do clima é, de facto, estudada e abordada no artigo, mas são apenas dados exemplos de outros países e as conclusões não podem ser tidas como uma prova de que o governo espanhol manipulou o clima.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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