Não é um boato novo, o Observador já explicou que é falso que as vacinas contra a Covid-19 tenham grafeno na sua composição, mas o assunto tornou-se mais uma vez viral agora com uma alegada “análise independente de vacina Covid” feito pela Universidade de Almería, em Espanha.
A publicação refere-se a um estudo publicado por Pablo Campra, no final de junho de 2021, que não foi revisto pelos pares.
Mas voltando ao estudo publicado, sem qualquer revisão de pares ou suporte da Universidade. No documento, Pablo Campra examina uma amostra da vacina da Pfizer recorrendo a dois microscópios: um ótimo e um eletrónico de transmissão. Na conclusão, diz Pablo Campra, a observação “não permite descartar a presença de grafeno na amostra”.
A Universidade de Almería rapidamente emitiu um comunicado para se demarcar da publicação do estudo, deixando claro que não acompanha a análise realizada por Campra. “É absolutamente falso que a Universidade de Almería tenha realizado um estudo científico com os resultados que estão a ser publicados”, afirmou a instituição no comunicado divulgado no início de julho. Um posição em que deixava claro que “apoia sem qualquer resistência as vacinas como instrumento cientificamente inquestionável para lutar contra as doenças”.
????Comunicado de la Universidad de Almería en relación con las falsas informaciones difundidas en algunas redes sociales y blogs. pic.twitter.com/Rx6ayF35eI
— Universidad de Almería (@ualmeria) July 2, 2021
O Observador também já verificou a possibilidade de as vacinas que estão a ser administradas na União Europeia conterem algum tipo de metal ou microchip. Afastada essa hipótese (também defendida nesta nova publicação), esse Fact Check também partilhava, entre outros dados, os links para a informação sobre a composição da vacina da Pfizer/BioNTech, da AstraZeneca, da Janssen e da Moderna.
Ora, consultando a lista de ingredientes que compõem cada uma das vacinas, percebe-se que não há registo da presença de grafeno em nenhuma delas. Isso mesmo foi confirmado pelo professor associado da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa Hélder Mota Filipe. Ao Observador, o especialista reconhece que “não é verdade que estejam a ser colocadas nanopartículas suspeitas nas vacinas e muito menos que essas nanopartículas sejam de grafeno”.
Conclusão
É falso que a Universidade de Almería tenha confirmado a presença de grafeno nas vacinas. Com a partilha viral de um estudo — não revisto por pares — associado à instituição, a Universidade publicou de seguida um comunicado onde se demarcava completamente do conteúdo das mensagens partilhadas nas redes sociais e apoiava “inquestionavelmente” o valor das vacinas para combater a doença. O comunicado da Universidade de Almería foi partilhado nas redes sociais também pelo que é fácil encontrar o desmentido para a informação que, ainda assim, continua a ser partilhada e amplificada através de partilhas nas redes sociais.
Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.