É mais um exemplo da desinformação que tem vindo a espalhar-se nas redes sociais desde o início da epidemia com o novo coronavírus. Nos últimos dias começou a ser partilhada no Facebook a suposta capa de um filme, realizado em 2013, que alegadamente se chamaria “Coronavírus”. Mas é falsa.
“La muerte es viral” (A morte é viral, em português) e “El inicio de la epidemia” (O início da epidemia, em português) são algumas das frases que surgem na imagem, vista por mais de 20 mil pessoas em menos de 24 horas. No entanto, a imagem foi manipulada, não existindo, por enquanto, nenhum filme chamado “Coronavírus”.
A capa original é do filme sulcoreano “The Flu”, lançado em 2013, sob a direção de Kim Sung-Su. De acordo com a informação disponível no IMDB , o filme retrata uma situação de caos, que se instala quando um vírus letal – o H5N1 — que circula no ar infeta a população de uma cidade sul-coreana a menos de 20 quilómetros de Seul. Em aproximadamente 36 horas, as vítimas da infeção provocada pelo vírus morrem.
O referido filme não tem qualquer relação com o novo coronavírus, que já infetou quase 91 mil pessoas e matou cerca de três mil, segundo os últimos dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Tal como foi verificado anteriormente pela plataforma mexicana de fact-checking Spondeo Media, a publicação em causa resulta de uma montagem que usa a capa do filme “The Flu” para sugerir que em 2013 já estava prevista uma epidemia chamada coronavírus.
No entanto, existe um livro, lançado em 1981, que relata uma epidemia cujas semelhanças com o novo coronavírus têm vindo a intrigar os internautas. No livro “The Eyes of Darkness”, conta o Observador, o autor Dean Koontz descreve um vírus ficcional — o Wuhan-400 — que se propaga pelo mundo inteiro com uma taxa de mortalidade de 100%. No livro, esta arma biológica foi desenvolvida num laboratório perto de Wuhan, precisamente a cidade onde surgiram os primeiros casos desta nova epidemia.
No que diz respeito à mortalidade, a história ficcional é bastante diferente da real, pois, de acordo com a informação disponível até à data, a taxa de mortalidade do novo coronavírus na China ronda os 2%. Mas existem outras coincidências, como o nome de um cientista no livro e o nome de um dos especialistas que tem vindo a estudar a epidemia – Li Chen.
Conclusão
É falso que exista um filme lançado em 2013 que aborde o surto de coronavírus. A imagem difundida nas redes sociais foi adulterada para induzir os internautas em erro. O cartaz original é do filme sulcoreano “The Flu”.
Assim, de acordo com a classificação do Observador, este conteúdo é:
Errado
De acordo com a classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Nota 1: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook.
Nota 2: O Observador faz parte da Aliança CoronaVirusFacts / DatosCoronaVirus, um grupo que junta mais de 100 fact-checkers que combatem a desinformação relacionada com a pandemia da COVID-19. Leia mais sobre esta aliança aqui.