O autor do post infere que vai haver “distinção social” entre vacinados e não vacinados, fala num “ditadura” e até em possíveis “sentenças” para quem não foi imunizado contra a Covid-19. Questiona-se também sobre a constitucionalidade de uma medida que foi, na verdade, mal interpretada.

Foi em entrevista à SIC Notícias que a Diretora Geral da Saúde, Graça Freitas, disse que, “se tudo continuar a correr bem (…), obviamente que a tendência é para haver uma distinção nas medidas quando se trata de pessoas vacinadas versus pessoas não vacinadas”. É essa a entrevista que é usada para ilustrar a publicação no Facebook. Um trecho do vídeo pode ser consultado no site do canal. Só que Graça Freitas respondia a uma pergunta relativamente a regras diferenciadas no caso de haver isolamento profilático.

Uns dias mais tarde, em entrevista ao jornal Público, a responsável confirmou essa intenção de atualizar a norma em vigor, de forma a haver uma distinção entre vacinados e não vacinados contra a Covid-19, no sentido de as pessoas vacinadas, que não pertençam a um grupo de risco, não precisarem de fazer isolamento, ao contrário daqueles que ainda não foram imunizados.

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A referência à “distinção” entre as duas situações não se refere, por isso, como o autor da publicação sugere, a um preconceito sobre quem não aceita ou não pode tomar a vacina. O que está em causa é a aplicação de medidas de isolamento profilático distintas para uns e outros casos, já que a DGS considera que pode deixar de haver razão para se manter o isolamento de quem tem muito menos probabilidades de ser infetado pelo vírus.

À data deste fact check, a norma ainda não tinha sido alterada e, portanto, não é possível dizer quais as medidas “distintivas” efetivamente em causa. As recomendações, segundo o site do Ministério da Saúde dedicado à Covid-19, continuam a ser as mesmas para todos os que estão em isolamento profilático por ordem das autoridades de saúde:

Deve permanecer em casa. Não deve dirigir-se ao trabalho, à escola ou a espaços públicos. Permaneça numa divisão própria e evite contactar com outros em espaços comuns. Não partilhe pratos, copos, utensílios de cozinha, lençóis ou outros objetos pessoais. Quando estiver com outras pessoas, utilize máscara. Cumpra as recomendações de lavagem das mãos e de etiqueta respiratória. Monitorize os sintomas e coloque os seus resíduos num saco próprio.”

Conclusão

Graça Freitas admitiu, sim, “distinção”, entre vacinados e não vacinados. Mas referia-se às regras de isolamento profilático (que podem vir a deixar de ser aplicadas a quem já levou a vacina). A razão não é um preconceito sobre uma parte da população, mas antes a falta de necessidade de a população vacinada se manter em casa, quando o risco de infeção para esses é muito menor. Admite-se um tratamento diferenciado, mas o post aqui em análise é enganador e a interpretação da palavra escolhida pela Diretora Geral da Saúde é abusiva.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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