“E as pessoas ainda não conseguem ver que estamos nos últimos dias.” A sentença é deixada numa publicação no Facebook que partilha um vídeo do TikTok que mostra uma pessoa a pegar numa embalagem, num supermercado em Londres, onde se pode ler “bacon impresso a 3D“. Na imagem que  está a ser partilhada desse mesmo vídeo pode ainda ler-se  “Sainburys está agora a vender carne impressa a 3D?”

Publicação de Facebook mostra imagem de um vídeo que alega que está a ser vendida carne impressa 3D em supermercado britânico.

Publicação de Facebook mostra imagem de um vídeo que alega que está a ser vendida carne impressa 3D em supermercado britânico.

Vamos por partes. Sainburys é de facto uma cadeia de supermercados britânica, que no site oficial não permite encontrar qualquer produto semelhante a carne ou bacon impresso a 3D, apesar de as embalagens serem semelhantes àquela que aparece no vídeo que está a circular nas redes sociais.

E o que é carne impressa em 3D? Em 2023, as autoridades de segurança alimentar dos Estados Unidos passaram a permitir a venda aos consumidores de carne cultivada em laboratório. Tornou-se assim o segundo país do mundo a fazê-lo, a seguir a Singapura (numa lista que não inclui o Reino Unido, de onde partem estas alegações). Nos Estados Unidos há autorização para vender frango (e não bacon ou outro tipo de carne) produzido em laboratório partir de células animais, o que é designado como carne impressa em 3D.

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E quanto ao Reino Unido? De facto, foi aprovada a venda de carne produzida em laboratório, em julho de 2024. Tornou-se o primeiro país europeu a fazê-lo. Mas há um senão: a autorização limita-se apenas à venda de ração para animais. Neste artigo da BBC, pode ler-se que nenhum pedido de aprovação para produtos criados a partir de células para o consumo humano foi autorizado na Grã-Bretanha.

Não é a primeira vez que surge este tipo de alegações em países europeus. Mas fabricar carne a partir de células animais não é uma prática aprovada pela União Europeia. Ainda assim, países como a Alemanha estão a produzir em impressoras 3D substitutos de ingredientes vegetais.

E mais, a imagem que está a ser partilhada permite ver que o autor do vídeo é o site Pattern Up, um site que se dedica a vender “rótulos de produtos impressos em 3D vendidos em supermercado“. Uma das primeiras imagens que surge é de “bacon impresso a 3-D”, tal como se pode ver nas imagens partilhadas nas redes sociais.

Numa resposta ao Observador, um porta-voz da Sainburys assegura que a informação que está a ser partilhada nas redes sociais é falsa. Num trabalho semelhante, a Reuters pediu esclarecimentos a três diferentes cadeias: Tesco, Morrison e Sainburys e todas asseguraram que a afirmação de que está a ser vendida carne impressa a 3D nestes supermercados é falsa.

Conclusão

É a própria cadeia de supermercados que desmente ter a venda qualquer tipo de carne fabricada em 3D. Em países europeus como a Alemanha, este tipo de tecnologia, com recurso a impressoras 3D está a ser utilizado para criar alimentos, mas apenas de origem vegetal, enquanto em outros países como os Estados Unidos, é permitida a venda de produtos de animal produzidos em laboratório, mas apenas frango e apenas desde o ano passado. No Reino Unido, de onde partem estas alegações, na verdade só é permitida a venda de carne produzida a partir de células em laboratório para ração de animais.

Além de não haver qualquer indicação por meios oficiais da cadeia de supermercados Sainsburys da venda de produtos de origem animal impressos em 3D, o vídeo que é partilhado no TikTok é publicado numa página que vende rótulos de produtos impressos em 3D.

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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