A 26 de maio surgiu uma publicação de Facebook que garante que a loja de retalho Target, nos Estados Unidos, vendeu roupas com referências satânicas. O autor alega que a marca trabalhou com um designer que acredita que Satanás “promove o amor”. Alega-se, também, através de uma suposta notícia, que a Target sofreu um “boicote nacional”, que levou a empresa a perder milhões de dólares após lançar uma colecção LGBTQI+ para crianças. Trata-se, no entanto, de uma publicação falsa.
O autor publicou três imagens: a da alegada notícia, a do suposto designer com uma t-shirt com referências satânicas (no texto diz que Erik Carnell é o designer, na imagem diz que é o dono da marca, a britânica Abprallen, com quem a Target trabalhou) e outra com uns pins LGBTQI+.
A verdade é que materiais LGBTQI+ foram de facto postos à venda, mas não pela Target. A confirmação foi dada quer pela marca norte-americana quer pela inglesa à agência Reuters. A criadora destas peças, a Abprallen, chegou a colocar esses itens à disposição (que ainda podem ser consultados no seu site oficial). Se se consultar o site da Target, percebe-se que esses artigos especificamente não estão, neste momento, à venda.
É importante dizer que, no entanto, nenhum artigo, quer um pin quer uma t-shirt com referências satânicas — “Satanás respeita os pronomes” –, fizeram parte do catálogo da marca norte-americana anteriormente. Houve, por isso, uma confusão — ou, neste caso, uma manipulação — do autor por ter misturado os produtos de uma das marcas com a parceria que estabeleceu com a Target,
Os artigos reais, sem qualquer referência satânica, que saíram da parceria entre as duas marcas chegaram a ser anunciados nas redes sociais, entre as quais, o Instagram, como se vê numa publicação do passado dia 9 de maio, da conta oficial da Abprallen. Foram apenas três artigos: um tote bag com a frase “Demasiado Queer Para Aqui”, uma bolsa com a frase “Nós pertencemos a todo o lado” e uma camisola com a frase “Cura a transfobia, não pessoas trans”.
O único elemento informativo desta publicação que é verdadeiro é o facto de a Target, em maio, ter retirado alguns produtos da coleção Pride das suas lojas depois de vários clientes se terem manifestado contra a sua comercialização. Essa informação, tal como todas as anteriores, foi corroborada pela imprensa internacional, entre as quais, a agência Reuters. Ainda assim, esta marca norte-americana garante que há mais de uma década que oferece uma “variedade de produtos para celebrar o orgulho pride”.
Conclusão
A Target não colocou artigos com referências satânicas à venda. Aquilo que a marca fez, de facto, foi colocar artigos com mensagens de apoio à comunidade LGBTQI+, que acabaram por ser retirados do mercado na sequência de uma onda de contestação.
Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.