Estão a circular na rede social Facebook várias publicações a dar conta de uma fórmula que, argumenta-se, melhora as hipóteses de gravidez. “Remédio para engravidar. Para quem nunca fez [um bebé] e quer engravidar. Faça isto. 15 nozes amargas, dois cubos de açúcar, uma garrafa de [cerveja] Guiness e uma garrafa de Coca-Cola”, pode ler-se na publicação, que depois de detalhar o modo de preparação da fórmula, alerta que esta deve ser consumida durante o período menstrual durante três dias consecutivos. Mas poderá este preparado aumentar, de alguma forma, as hipóteses de gravidez?

Com a incidência de infertilidade a aumentar em todo o mundo (um relatório da Organização Mundial de Saúde, publicado no ano passado, apontava que uma em cada seis pessoas é afetada pelo problema), multiplicam-se nas redes sociais as soluções rápidas e com eficácia alegadamente comprovada destinadas a aumentar as hipóteses de gravidez.

No entanto, como acontece com todas as outras fórmulas ou preparados, esta também não tem qualquer fundamento científico. “Não faz sentido, não tem qualquer fundamento”, confirma ao Observador a obstetra Sílvia Roque, especialista em fertilidade. “Esses três ingredientes — a coca-cola, a cerveja e o açúcar — são prejudiciais ao organismo”, avisa a médica, que trabalha no Hospital Lusíadas. A única explicação que Sílvia Roque encontra para a teoria que corre nas redes sociais é o facto de a “cerveja poder, se ingerida em grandes quantidades, cortar o efeito da pílula”.

No entanto, a especialista realça que, sobretudo nas mulheres com mais de 30 anos, há outras estratégias para aumentar as hipóteses de gravidez, nomeadamente a suplementação. “Podemos dar suplementos: a vitamina D, o selénio+zinco, para a tiroide funcionar melhor, o Myo-inositol, para os ovários funcionarem mulher” e também vitaminas do complexo B, explica.

Conclusão

A receita com nozes amargas, coca-cola, açúcar e cerveja não aumenta as hipóteses de gravidez e até pode ser prejudicial à saúde da mulher, alerta a médica obstetra Sílvia Roque.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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