Uma publicação no Facebook, com data de 27 de setembro e amplamente partilhada desde então, alega que duas crianças terão morrido na Alemanha por estarem a usar máscara. O post anuncia a detenção em Londres do médico Heiko Schöning, principal impulsionador do movimento Médicos pela Verdade, na Alemanha, referindo depois que será a segunda morte de uma criança por usar máscara no espaço de poucos dias. “Aguarda-se a autópsia para confirmar se a causa da morte foi asfixia pela máscara”, escreve o autor da publicação no Facebook.

A referida publicação remete para uma série de boatos que correram nas redes sociais, originados na Alemanha, um dos quais alegando que uma criança de seis anos teria morrido na cidade de  Schweinfurt, na Baviera, por usar máscara. No primeiro dia de outubro, a polícia da Baixa Francónia, a região administrativa a que pertence a cidade de Schweinfurt, emitiu um comunicado a desmentir o rumor.

Publicação teve centenas de partilhas

“Relatos falsos têm-se espalhado nas redes sociais sobre a alegada morte de uma menina de seis anos em Schweinfurt. Os posts dizem que a criança morreu por ter que usar máscara. Não conhecemos nenhum caso semelhante em toda a Baixa Francónia, especificamente na área de Schweinfurt. Por favor, não acredite nestas #fakenews e não as partilhe sob qualquer circunstância”, pediu a autoridade policial na sua página no Facebook.

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Outro rumor amplamente partilhado dava conta da morte de três crianças na Alemanha pelo simples facto de usarem máscara. A alegação pertence a Bodo Schiffmann, um médico que já mostrara a sua oposição às medidas de prevenção da Covid-19 numa série de vídeos online. No vídeo em questão, Schiffmann diz diretamente para a câmara: “Sei com toda a certeza que morreu uma terceira criança. As crianças estão a morrer! Porque estão a usar máscaras contra uma doença que não existe.”

A agência Reuters já investigara esta e outras alegações sobre a morte de crianças na Alemanha por estarem a usar máscara, não tendo encontrado quaisquer relatórios oficiais, quer do governo quer da polícia, que suportem tais rumores.

Quanto ao suposto risco de asfixia por falta de oxigénio provocada pelo uso da máscara, o Observador já desmentiu tal hipótese num fact-check publicado a 5 de outubro: “Nem a Organização Mundial de Saúde, nem o Centro de Prevenção e Controlo de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention, instituto norte-americano) nem o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças referem, nas suas recomendações, qualquer tipo de alterações dos níveis de oxigénio como riscos associados ao uso das máscaras.

A Sociedade Italiana de Pediatras (SIP) também já refutou a informação veiculada. “As máscaras podem ser desconfortáveis, mas não têm um impacto na saúde de crianças depois dos três anos [o uso de máscara em Itália é recomendado a partir desta idade].”

Fact Check. Uso de máscara provoca falta de oxigénio?

Em Portugal, as máscaras só são obrigatórias em crianças com mais de 10 anos, embora o seu uso seja obrigatório nas escolas a partir do segundo ciclo, independentemente da idade do aluno. Segundo a OMS, “o uso de máscara dos seis até aos 11 anos deve acontecer apenas em situações específicas, designadamente se existir transmissão generalizada do coronavírus na área onde a criança reside ou se esta estiver em contacto com pessoas em risco de desenvolverem doença grave por Covid-19, como idosos e pessoas com outras doenças preexistentes”.

Conclusão:

Falso. Não existem até à data quaisquer relatos ou informações oficiais, quer por parte da polícia ou do governo da Alemanha, que suportem a alegação de que morreram crianças naquele país devido à utilização de máscara.

Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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