Uma publicação que está a circular nas redes sociais afirma que a Escola de Medicina de Harvard, na cidade norte-americana de Boston, está a oferecer um curso nas áreas de ginecologia, obstetrícia e pediatria para identificar a orientação sexual ou identidade de género de recém-nascidos e crianças pequenas.

A origem desta publicação falsa está num blogue que, a 11 de janeiro, publicou um conteúdo com estas afirmações, citando um artigo do Daily Mail do dia anterior — que não faz qualquer referência a essas mesmas informações falsas. A entrada no blogue refere-se a um estudo da Universidade de Harvard chamado, em português, “Cuidar de Pacientes com Orientações Sexuais, Identidades de Género e Desenvolvimento Sexual Diversos”.

O conteúdo tem origem numa publicação de 11 de janeiro efetuada num blogue.

Mas o curso nada tem a ver com a identificação destas características em crianças. Na descrição que surge no site da Universidade, explica-se que esta formação “é uma experiência clínica e académica multidisciplinar de quatro semanas que treina os alunos para fornecer cuidados culturalmente responsivos e de alta qualidade para pacientes com diversas orientações sexuais, identidades de género e desenvolvimento sexual”.

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“Muitos destes pacientes identificam-se como lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros, queer, intersexuais ou assexuais (LGBTQIA+). A exposição clínica e a educação concentrar-se-ão em atender pessoas de géneros e minorias sexuais ao longo da vida, desde bebés até adultos mais velhos”, elabora a página oficial do curso, que se destina a estudantes em várias áreas da saúde.

Ciente das notícias falsas ou imprecisas que estavam a brotar à conta deste curso, a Universidade de Harvard publicou um esclarecimento sobre o conteúdo da formação. A faculdade defende que “consciencializar e cuidar de diversas populações para atender às suas necessidades clínicas, médicas e de saúde são princípios centrais da saúde pública e da missão e valores da Escola de Medicina de Harvard”.

O curso baseia-se nas recomendações da Associação de Faculdades de Medicina Americanas e os conteúdos lecionados aos alunos “visam atender às necessidades de saúde de pacientes que são LGBTQIA+, que não se identificam com a identidade de género que lhes foi atribuída à nascença ou que nasceram com diferenças no desenvolvimento sexual”.

No que toca aos recém-nascidos e crianças pequenas, o curso “refere-se especificamente às variações físicas no desenvolvimento sexual que surgem no útero e estão presentes no nascimento”, não à identificação da sua orientação sexual ou identidade de género: “Inclui variações cromossómicas, gonadais e anatómicas, todas relevantes para cuidados e tratamentos médicos para garantir um desenvolvimento saudável”.

Conclusão

Não é verdade que a Escola de Medicina de Harvard esteja a dar cursos aos alunos da universidade para lhes ensinar a identificar a orientação sexual ou identidade de género de recém-nascidos e crianças pequenas. A própria escola já veio esclarecer que o curso só tem o objetivo de “atender às necessidades de saúde de pacientes que são LGBTQIA+”. Sobre as crianças, “refere-se especificamente às variações físicas no desenvolvimento sexual”.

Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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