Andrew Tate, norte-americano, tricampeão mundial de kickboxing e fenómeno nas redes sociais, foi detido na Roménia juntamente com o irmão, no dia 29 de dezembro, por suspeitas de tráfico de mulheres e abusos sexuais. Isto acontece um dia depois de Tate ter publicado um vídeo no Twitter com recados trocistas a Greta Thunberg e em que defende que as preocupações com o clima são “um disparate”. Na publicação, o kickboxer aparece sentado à mesa, de roupão vermelho vestido e a fumar um charuto, afirmando a sua masculinidade.

Este seria apenas mais um caso no chorrilho de piadas com destino à ativista sueca de 19 anos, não fosse as imagens de Tate mostrarem, em cima da mesa, duas caixas de pizza que motivaram o boato relacionado com a sua detenção, por mostrarem o nome do restaurante onde foram encomendadas.

A notícia da prisão deu aso a uma alegação da advogada e ativista norte-americana Alejandra Caraballo, através de uma publicação que inundou o Twitter, por afirmar que foi o nome inscrito nas caixas de pizza que denunciaram a localização do suspeito, que já era investigado e procurado pelas autoridades.

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Alejandra Caraballo escreveu que a polícia romena “precisava de uma prova de que Andrew Tate estava no país e por isso verificou as suas redes sociais”, acabando por ter as certezas que faltavam através do “vídeo ridículo” que Tate publicou. O tweet da advogada tornou-se viral e deu origem a cerca de 82 milhões de visualizações, quase 100 mil partilhas, e mais de meio milhão de likes.

Mas será que esta alegação é verdadeira?

Depois de ser apropriada por milhares de usuários nas redes sociais, a afirmação que partiu de Alejandra Caraballo fez soar os alarmes da imprensa internacional, para tentar confirmar se, de facto, foram mesmo as caixas de pizza que denunciaram Andrew Tate.

De acordo com a Associated Press, o Ministério Público romeno afirma que estas alegações são infundadas, uma vez que o mandado de captura ao kickboxer já tinha sido emitido quando o vídeo foi publicado: “Não há relação”, e o vídeo partilhado pelo suspeito “apenas confirmou” as informações de que a justiça romena já dispunha acerca da localização de Tate. O Ministério Público do país vai mais longe, e adianta que Andrew Tate já estava sob investigação desde 2021, e que as suas casas em Bucareste e Ilfov, na Roménia, já teriam sido alvo de buscas em abril do ano passado.

Andrew vs Greta

O bate-boca entre Andrew Tate e Greta Thunberg começou a 27 de dezembro, quando o influencer britânico provocou a ativista pelo clima com uma publicação onde dá conta da coleção de carros de alta cilindrada que possui e o quanto gasta em combustível para abastecer todos eles: “Olá, Greta. Tenho 33 carros. Um Bugatti e dois Ferrari. E isto é apenas o começo. Dá-me o teu e-mail para eu te enviar a lista completa e as respetivas emissões” de carbono.

A publicação rapidamente chegou aos olhos de Greta, e a resposta da ativista não tardou, carregada de ironia, também através de uma publicação no Twitter: “Sim, elucida-me, por favor. Envia-me um e-mail para energiadepénispequeno@arranjaumavida.com”.

Greta desmente envolvimento em prisão

Um dia após a detenção de Andrew Tate, a ativista reagiu nas redes sociais contra aquele que a tinha provocado, mais do que uma vez, devido às causas que defende. No Twitter, Greta deixa uma mensagem ao kickboxer: “Isto é o que acontece quando não se reciclam as caixas de pizza.” Um tweet que conta já com 3,5 milhões de likes.

Segundo a Associated Press, depois das alegações que circularam na internet pela forma como a polícia romena terá encontrado Andrew Tate, a ativista sueca fez questão de se demarcar do episódio, afirmando que a troca que argumentos entre os dois em nada teve que ver com a detenção do norte-americano.

Conclusão

A detenção de Andrew Tate não ocorreu devido à morada do restaurante que aparecia nas caixas de pizza, no vídeo publicado no Twitter a 28 de dezembro. As autoridades romenas já tinham o kickboxer debaixo de olho, as propriedades de Tate naquele país já eram conhecidas pela polícia, e o mandado de busca já teria sido emitido no momento em que o vídeo foi partilhado.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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