Um vídeo que mostra Marcelo Rebelo de Sousa num direto que estaria a ser gravado numa loja de roupa está a ser partilhado nas redes sociais, principalmente no Twitter. O insólito do vídeo, que sugere que o Presidente da República terá visitado a loja no momento em que duas lojistas estariam a fazer um direto para as redes sociais, está a levantar dúvidas nas redes sociais sobre a veracidade das imagens.

No vídeo, que também foi partilhado na página da loja de roupa em questão no Facebook, é utilizado o título “Ah pois é Que privilégio”. Com pouco mais de um minuto, este vídeo apresenta uma lojista, que se identifica no vídeo como Patrícia Ribeiro, durante um direto a mostrar produtos da loja, quando terá sido surpreendida pela entrada de Marcelo Rebelo de Sousa no estabelecimento.

Nesta gravação, é possível ouvir a voz do Presidente da República ainda antes de este surgir no ecrã. “Nós hoje não temos direito a polícia”, diz a lojista, sem adiantar mais contexto sobre essa referência. Depois, acrescenta: “Mas temos direito ao doutor Marcelo Rebelo de Sousa.”

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Logo a seguir, o Presidente da República surge a na imagem. “Passei por aqui e encontrei esta loja”, é possível ouvir Marcelo a dizer, enquanto é ladeado pelas duas mulheres. É ainda possível ouvir o Presidente a elogiar os produtos à venda na loja.

A questão é que, pelo facto de algumas das partilhas do vídeo nas redes sociais terem uma espécie de “saltos” nas imagens, que aparecem justamente quando o Presidente da República surge no ecrã, alguns utilizadores apontavam que o conteúdo poderia ser falso. “Há um glitch [uma falha] aos 15 segundos. Mas de resto n [não] está mau”, responde um utilizador no Twitter, sugerindo que as imagens poderiam não ser verdadeiras. “Se isto é deepfake é muito bom”, diz outro utilizador do Twitter.

Fonte de Belém confirma ao Observador a veracidade das imagens. “O momento aconteceu num passeio noturno, depois de um concerto na Casa da Música. O Presidente da República, como habitual, vai sempre a pé até ao hotel e aproveita para cumprimentar populares e entrou numa loja de roupa numa rua paralela à Avenida da Boavista”, no Porto.

O fugaz encontro ficou, assim, para a posteridade. As imagens são verdadeiras, mas não é descabido que alguns utilizadores de redes sociais desconfiem da sua veracidade. O fenómeno dos “deepfakes”, uma tecnologia que utiliza aprendizagem automática para conseguir assumir a identidade de outra pessoa, imitando a fisionomia, expressões e até a voz, é hoje uma fonte de preocupação.

Com o avançar do progresso tecnológico, os “deepfakes” (normalmente partilhados em formato de vídeo) estão a ficar cada vez mais convincentes. Há alguns anos, foi notícia um “deepfake” de Barack Obama, o antigo Presidente dos Estados Unidos. Já este ano, também foi notícia um vídeo falso de Volodymyr Zelensky, o chefe de Estado ucraniano, onde supostamente seria anunciada a rendição da Ucrânia. Em ambos os casos, os vídeos revelaram-se falsos, com o conteúdo adulterado ou construído digitalmente para obter determinadas mensagens que os supostos protagonistas não tinham defendido.

Conclusão

As suspeitas sobre a veracidade de um vídeo em que o Presidente da República é protagonista, durante um direto transmitido nas redes sociais, a partir de uma loja de roupa, não se confirmam. Fonte de Belém assume, em declarações ao Observador, que o episódio ocorreu durante uma passagem de Marcelo pelo Porto. Outras versões do vídeo mostram que não existe qualquer falha na transmissão — um dado que fundamentava as dúvidas sobre a possibilidade de estar em causa um produto de deep fake.

Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

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