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Estávamos em junho de 2023 quando, pela primeira vez nesse ano, ouvimos falar na primeira grande onda de calor. Temperaturas que, durante o dia, ultrapassariam os 40ºC e que, à noite, não deveriam descer dos 25ºC. Temperaturas acima da média para aquela época do ano, com uma duração de vários dias (entre 3 a 5, pelo menos) e num cenário que se verificasse numa determinada extensão no território. Afinal, é isso que se exige para que, em rigor, possamos falar da existência de uma onda de calor. |
Quatro meses depois, em outubro, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera já falava na “sétima onda de calor do ano“, que em mais de metade das estações meteorológicas do país (55%) durou uns longos 19 dias. Numa perspetiva mais global, o fenómeno, com períodos mais longos ou mais curtos, foi registado em 85% das estações meteorológicas. |
Nessa nota tornada pública em outubro, o IPMA referia que a onda de calor registada em pleno outono, “pela sua extensão espacial e temporal”, era já “considerada a mais significativa observada” naquela estação do ano “desde 1941, seguida da onda de calor de outubro de 2017”. |
Chegou o inverno; rasgámos a folha do calendário correspondente a 2023; entrámos em janeiro de 2024. E voltamos agora a falar de “ondas de calor”. Porquê? |
Para responder, recordemos a formulação do IPMA naquele comunicado de outubro. Em particular, quando se fazia referência à “mais significativa” onda de calor registada em mais de 80 anos. É que, a 5 de fevereiro, o mesmo instituto lançou uma nota pública onde diz que, “em janeiro de 2024, registou-se uma onda de calor em Portugal Continental que é considerada a mais significativa, nesse mês, desde 1941”. |
Não foi apenas numa. Nem sequer em duas. Na verdade, no mês passado, seis das 18 estações meteorológicas espalhadas pelo país registaram temperaturas acima da média para este período do ano. “Neste momento”, dizia ao Observador a técnica superior do IPMA no início desta semana, “Penhas Douradas vai com 15 dias, que já se aproxima muito do máximo que teve, que foi 17 dias em 1976. Mas depois temos outras estações, como Viseu, com 14 dias, e Monte Alegre, também com 13 dias, por exemplo.” |
Era sobretudo a extensão dos registos que impressionava. Mas também a antecipação do que ainda está para vir. Só quando os registos forem oficiais se poderá saber com certeza. Mas, a julgar pela amostra de janeiro, depois do ano mais quente de que há registos — 2023 —, este ano poderá fazer jus às previsões conhecidas e bater novos recordes de temperaturas, em extensão do território e em intensidade nos termómetros. |
O título desta newsletter é, manifestamente, um exagero estilístico do autor. Se quisermos ser mais rigorosos no que toca a ondas de calor, talvez possamos vir a falar de “muito em muitos lados em vários momentos”. |
União Europeia ameaça Portugal com sanções |
Portugal cumpriu uma parte do acórdão de dezembro: designou 61 locais como zonas especiais de conservação. O problema, que levou a União Europeia a instaurar uma ação contra o Estado português junto do Tribunal de Justiça da União Europeia, é que faltou o resto. |
Além da designação de 61 “sítios de importância comunitária” como locais “especiais de conservação”, Portugal estava obrigado a fazer mais: devia, também, ter traçado um plano de ação, com objetivos a alcançar e as medidas a implementar para garantir a efetiva conservação desses locais já identificados como sensíveis. |
Como consequências, o executivo comunitário avançou para a justiça. E Portugal fica em risco de ver serem-lhes aplicadas sanções financeiras por incumprimento do acórdão e até que todos os pressuspostos estejam cumpridos. |