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Antes de entrarem no hospital de campanha de Portimão, onde são acompanhados doentes Covid de várias zonas do país, a Sónia Simões e o Filipe Amorim precisaram de se equipar de forma rigorosa: vestiram um fato protetor, puseram luvas e colocaram óculos. Para quem faz isso pela primeira vez, a desorientação é total. Poucos minutos depois de estar no hospital, a Sónia já estava a transpirar, tinha dificuldade em gravar as conversas no telemóvel por causa das luvas e não conseguia identificar o repórter fotográfico, que agora estava igualzinho a todos os médicos e enfermeiros. |
Mesmo com toda esta proteção, havia ainda mais cuidados a ter. O telemóvel, precisamente, estava fora do equipamento. Como era impossível escrever de luvas, aquela era a única forma de gravar as conversas com os doentes. E, aí, aparecia o risco. Durante uma das entrevistas, uma doente sem máscara tossiu na direção do telemóvel — que teve de ser imediatamente desinfetado com álcool. |
Todas essas cautelas valeram a pena porque as histórias que a Sónia e o Filipe trouxeram de Portimão têm mesmo de ser lidas. Pode ver o artigo completo aqui, mas perceba já a gravidade do que se está a passar: muitos doentes que ali estão, especialmente os mais velhos, não sabem que os seus familiares também podem estar infetados e internados noutros hospitais. Essa informação não lhes é dada para que possam manter-se o mais calmos possível. É que muitos não terão para onde ir depois de terem alta: porque nunca mais vão conseguir recuperar a autonomia ou porque os familiares com quem viviam morreram com Covid. |