De acordo com as notícias, Gaza está permanentemente à beira de ficar sem água, sem comida, sem electricidade, sem combustíveis e sem medicamentos. A única coisa que Gaza parece ter em abundância são “rockets” para despejar em território israelita. Desde 7 de Outubro que já despejou sete ou oito mil, dos quais 10% tendem a cair aquém da fronteira. Um destes foguetes caiu, por incúria ou deliberação, no parque de estacionamento de um hospital, causando uma “cratera” de meio metro, destruindo uma dúzia de carros e, talvez, matando algumas dezenas de pessoas.
Num ápice, o Hamas anunciou que um míssil de Israel arrasara um hospital e, numa contagem instantânea, assassinara 500 pessoas. Em dois ápices, o “ministério da Saúde” local, que é o Hamas, organizou uma conferência de médicos rodeados por “cadáveres”. Em três ápices, boa parte dos “media” internacionais correu a reproduzir a propaganda de uma agremiação de tarados e proclamou em manchete que Israel arrasara um hospital e assassinara 500 pessoas, agora 700, entretanto mil.
A famosa “rua árabe” confirmou a designação e, no Médio Oriente, na Europa e na América, saiu à dita com a moderação do costume, a pedir a morte de judeus, a demolir sinagogas, a tentar invadir embaixadas de países ocidentais, a abater suecos em Bruxelas. A extrema-esquerda, que demorou uma semana a legitimar, perdão, “condenar” (tosse) a chacina cometida pelo Hamas em Israel e demorou dias a debater se 40 bebés haviam sido decapitados ou mortos com humanidade, demorou cerca de cinco minutos a chorar, e em pranto, as vítimas do bombardeamento “israelita”. “Crime de guerra”. “Massacre”. “Genocídio”. “Limpeza étnica”. Depois começaram a conhecer-se os vídeos do sucedido, as análises das coordenadas geográficas e, por fim, as imagens matinais do parque de estacionamento, com os automóveis chamuscados, o buraquinho no chão e o alegado hospital, praticamente intacto, ao fundo. A farsa era evidente, mas não para todos.
A “rua árabe”, que já estava lançada, com ou sem conhecimento da fraude prosseguiu os seus afazeres. Na maioria dos casos, os “media” que engoliram sem hesitações a “informação” providenciada por psicopatas desataram a retocar os títulos para disfarçar o vexame que sofreram e a vergonha que não têm. E a extrema-esquerda? A extrema-esquerda, embora aborrecida pela inexistência do massacre, não cedeu. Como aquela rapaziada usa dizer, “não passarão” – principalmente os factos. Em Portugal e lá fora, comunistas e demais simpatizantes do terrorismo mantiveram-se coerentes na denúncia do ataque imaginário ao hospital. No máximo, os “cautelosos” puxaram a cartada da “equivalência moral” entre, por um lado, a credibilidade relativa das autoridades israelitas, da administração americana, da União Europeia e dos nossos próprios olhos e, por outro lado, de um grupo que tortura crianças e invade um festival de música para violar e metralhar mulheres. No meio de escombros falsos e ridículo palpável, que eu saiba ninguém reconheceu o erro.
Porquê? Porque o erro é deliberado. Ainda que existam, não será fácil encontrar criaturas estúpidas a ponto de confiarem cegamente nos relatos do Hamas. Em compensação, é facílimo encontrar criaturas prontas a amplificar as flagrantes mentiras do Hamas para fins políticos. Por mais que encha as bocas com sentimentos lindos, essa gente não possui um pingo de humanidade ou empatia. Essa gente não se comoveu com a barbárie cometida sobre israelitas e apenas fingiu comover-se com as “baixas” do “hospital” enquanto julgou poder atribuí-las às IDF – esforço que, aliás, não abandonou. Essa gente não se importa com o sangue de quaisquer inocentes, excepto na medida em que lhe permita apontar culpados e logo que, com ou sem fundamento, os culpados sejam israelitas. Acusar judeus, na ausência de provas e na convicção do embuste, é uma longa, muito longa tradição.
Os fanáticos, leia-se os que trucidam a realidade em prol de alucinações, não se resumem aos membros activos do Hamas, do Hezbollah, da Jihad e restantes trupes recreativas que, sempre que possível, matam literalmente. Os fanáticos daqui limitam-se a inventar mortos. O desígnio, porém, é comum: criar os pretextos e as condições que levem à eliminação de Israel. Anti-semitismo? Principalmente. Rejeição dos EUA? Sem dúvida. Repulsa pelas democracias? Com certeza. Nojo ao Ocidente? É óbvio. As razões são sortidas e suficientes para que um urbanita gay de São Francisco se sinta irmanado a um supremacista islâmico que, nas circunstâncias adequadas, lhe poria as tripas ao sol. O ódio é o que os une.
É a luta deles. Convém não abdicar da nossa, que Israel trava lá longe contra selvagens armados, e nós, nas devidas proporções, devemos travar cá contra os respectivos cúmplices. O que se decide é só a civilização.