Enquanto alguns leigos previam era inesperado, já eu falava com os meus botões sobre a possível reeleição de Trump. E não, não era uma situação imprevisível!…

A meados do presente ano, no Verão, era notórios os sinais de fúria da sociedade, e posso dizer, que tudo começou com a ascensão da (extrema-)direita no Mundo, com o incómodo da imigração descontrolada, o sucesso da economia argentina com o actual presidente Javier Milei. Depois, viemos de uma situação débil mundial, de uma pandemia que afetou os quatro cantos do Mundo, o despoletar de uma guerra entre a Rússia e a Ucrânia (que se previa, quando na região do Donbass, haviam sinais claros de descontentamento, provenientes de uma eleição de Zelensky, um mero “artista” que tinha chegado ao poder), o conflito no Médio Oriente e mais concretamente em Gaza foi só o sal que faltava ao “cozinhado”, e para terminar, as consequências desta crise: a inflação, e a subida do preço de petróleo e dos combustíveis fósseis. Para juntar às tragédias já mencionadas, o Mundo enfrentou provavelmente uma das piores crises climáticas, com eventos relevantes a circundar o Mundo.

Todos querem uma mudança, mas uma mudança inconformada, por uma realidade mundana emprenhada numa cultura woke despropositada. O Mundo quis largar as suas referências civilizacionais, as conquistas do passada, e da História que a contempla, dos sinais claros que abandonar os pais e os avós não seria o caminho. Também poderá não ser a solução cortar radicalmente as carnes e seus derivados, e optar por uma alimentação mais vegan. Não é correcto, deixar de assumir os dois géneros sexuais humanos como base, e optar por ramificar, ideologizar, proliferar uma cultura descurada e desprovida e descaracterizada com o LGBTI+, apesar do respeito que devamos ter por aqueles que optem por um outro estilo de vida.

Para entender o que impulsiona essa reeleição de Trump, é necessário reconhecer o desgaste da cultura “woke” e a saturação de discursos e práticas que muitos consideram radicais ou descoladas das prioridades reais da população. Nos últimos anos, vimos o avanço de pautas que buscam corrigir desigualdades históricas e construir uma sociedade mais inclusiva. Porém, como qualquer movimento, essa ideologia também sofreu excessos e, para muitos, tornou-se uma força polarizadora, provocando divisões intensas em vez de uma união em torno de valores comuns.

A Reação à Cultura Woke: uma Busca por Estabilidade e Tradição

O conceito de “wokismo”, que no início pretendia promover inclusão e justiça social, passou a ser visto por alguns setores como uma força que invade a esfera pessoal, questionando normas e valores que para muitos formam a base da civilização ?(ocidental). A substituição de tradições culturais e familiares por novos paradigmas, muitas vezes sem o devido diálogo ou adaptação, tem gerado um desconforto profundo, especialmente em sociedades que veem na tradição um pilar de estabilidade.

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Neste cenário, o “wokismo” é frequentemente criticado por exigir mudanças rápidas e radicais, desde o modo como educamos nossas crianças até a maneira como definimos género e identidade. Para muitos, essa pressão por “mudanças progressistas” parece ter perdido a conexão com os problemas concretos da vida quotidiana: a inflação, a falta de emprego, a violência urbana, e a falta de acesso à saúde de qualidade. Ao invés de melhorar essas questões, muitos vêem no “wokismo” um desvio de atenção que gera atrito sem resolver o que realmente importa.

Assim, Trump, com sua retórica de “Make America Great Again” e foco em valores tradicionais, pode aparecer como um baluarte de uma sociedade que quer preservar certos princípios que foram deixados de lado. Ele representa para muitos um retorno à “normalidade”, onde os valores patrióticos, familiares e de responsabilidade individual têm prioridade.

O Cansaço das Elites e o Apelo do Pragmatismo

Aliado a isso, o eleitor médio está cansado do que considera uma elite política e intelectual distante, que valoriza mais a própria imagem do que soluções práticas e imediatas. Com o impacto económico da pandemia e uma inflação que desestabilizou diversas economias, a paciência da população para agendas progressistas diminuiu ainda mais. Assim, a figura de Trump – com um discurso muitas vezes brusco e aparentemente anti-elitista – acaba ganhando espaço como alguém que fala diretamente ao “cidadão comum”.

Exemplos de lideranças pragmáticas, como o argentino Javier Milei, mostram que há uma demanda global por figuras que priorizem soluções práticas sobre o debate ideológico. Em vez de idealismos ou visões utópicas, a prioridade é a estabilidade económica e a segurança. Trump pode se enquadrar nesse contexto como alguém que promete “descomplicar” a política, enfrentando desafios com medidas diretas, ainda que controversas, estas estejam inevitavelmente associadas ao seu estilo.

Questões Geopolíticas: Uma Nova Diplomacia Conservadora?

A política internacional é outro campo em que a figura de Trump ganha relevância. No palco global, o Ocidente tem enfrentado críticas por interferências consideradas moralistas, muitas vezes em detrimento de uma diplomacia prática. Trump, em contraste, ofereceu durante seu mandato anterior uma abordagem que, para alguns, priorizou interesses nacionais de forma mais direta, estabelecendo relações pragmáticas mesmo com líderes autoritários, em nome da estabilidade e segurança.

A guerra na Ucrânia, por exemplo, continua a dividir opiniões, e muitos veem no pragmatismo de Trump uma oportunidade para acordos que diminuam a tensão mundial. O Médio Oriente, por outro lado, também anseia por uma diplomacia menos intrusiva, e Trump, com seu histórico de priorizar acordos bilaterais, pode parecer mais atraente do que a postura considerada “intervencionista” de outros líderes. Sua retórica, muitas vezes interpretada como “America First”, sugere que ele daria prioridade aos interesses internos, o que atrai uma fatia considerável do eleitorado que busca maior isolamento e independência dos conflitos externos.

O Medo do Desconhecido: Imigração e Identidade Nacional

Outro factor que impulsiona a popularidade de Trump é a crescente preocupação com a imigração. Em muitos países, especialmente nos EUA, a percepção de uma imigração descontrolada é vista como uma ameaça à identidade nacional e à segurança. A promessa de Trump de endurecer as políticas migratórias ressoa com aqueles que acreditam que a imigração excessiva está a desestruturar o mercado de trabalho e a sobrecarregar os sistemas de saúde e educação.

Esse sentimento é amplificado pelo medo de perder a própria identidade cultural em uma sociedade cada vez mais global. Muitos americanos vêem a preservação de sua cultura como um valor fundamental, e Trump, com sua postura nacionalista, aparece como um defensor dessa causa. Sua ênfase em reforçar as fronteiras e proteger os interesses dos cidadãos locais é vista como uma medida necessária para conter a “ameaça” de uma globalização que desconsidera as tradições e particularidades de cada nação.

Conclusão: A Vitória de Trump como Reflexo de um Novo Realismo Político

A possível reeleição de Trump representa, em muitos sentidos, uma viragen contra o idealismo progressista e uma busca por pragmatismo. Frente ao “wokismo”, que para muitos se tornou sinónimo de divisões e imposições culturais, o eleitorado parece disposto a apostar em um líder que ofereça estabilidade e retorno aos valores que considera sólidos.

A reeleição de Trump simboliza um confronto de visões de mundo. Trump representa uma reafirmação da identidade, uma resistência às mudanças radicais e uma defesa da ordem tradicional, baseada na ideia de uma diplomacia voltada para resultados concretos e uma gestão interna mais restrita e focada no fortalecimento do país.

Opinião final

Posso dizer que, com tudo o que temos visto, a ascensão de Trump é menos uma surpresa do que um sintoma de algo muito maior: uma inquietação que atravessa fronteiras, gerações e divisões ideológicas. Não se trata de uma mera questão partidária, mas de um ponto de inflexão onde sociedades em vários pontos do mundo parecem recusar as mudanças que consideram desconectadas das suas raízes e valores fundamentais.

Mais do que o regresso de um ex-presidente, esta possível reeleição revela a ânsia por um retorno a ideais de ordem, identidade e tradição, desafiando o que muitos chamam de “progressismo sem fronteiras.” O que vemos não é um simples “voto contra” o establishment, mas um grito — uma exigência por um modelo que respeite as heranças do passado, sem rejeitar o futuro.

Trump, com todos os seus defeitos e controvérsias, parece ter captado esta tensão e promete representá-la, simbolizando um movimento que não pertence apenas aos Estados Unidos, mas