A prepotência do Partido Socialista deve ser das suas marcas históricas mais coerentes, dado que há largos anos “quem se mete com o PS, leva”. Em tempos de pandemia, contudo, e à sua semelhança, esta tem atingido proporções épicas.
Ora vejamos.
A Ministra da Solidariedade Social não lê relatórios sobre idosos que se urinam nos próprios lares sem qualquer acompanhamento; um Secretário de Estado insulta, por escrito, como “aldrabão encartado” um crítico dos seus sonhos despesistas; a Ministra da Justiça substitui, por decreto, uma magistrada que tinha alcançado uma posição na Procuradoria Europeia por mérito próprio; um deputado à Assembleia da República mete-se em confrontos verbais com a PSP; e, claro, não esquecer o facto de um Primeiro-Ministro e o presidente da maior câmara municipal do país se terem juntado à Comissão de Honra de um arguido em inúmeros casos de corrupção e cujo passivo à banca, perdoado e não perdoado, já ultrapassa as centenas de milhões de euros.
Agora, sob o manto do Programa de Estabilização Económica e Social, anexo à Resolução do Conselho de Ministros nº41/2020 de 6 de Junho, o Governo Socialista acabou de passar a si próprio carta branca para nacionalizar o que bem entender durante 90 dias.
Nós vamos deixar passar?
Talvez sim.
Talvez sim, porque os portugueses estão paralisados pelo medo, absortos numa pândega mediática que leva a comportamentos que começam a roçar o patológico. Quando o primeiro pensamento em qualquer trato social presencial é “que fazer para me proteger de uma eventual infeção?” como não o classificar como patologia? As interações sociais e as primeiras impressões podem vir sob diversas formas – a apresentada é típica de um hipocondríaco.
Talvez sim, porque os portugueses ainda não se consciencializaram das consequências nefastas causadas, não pela Covid-19 per se, mas pelas medidas draconianas tomadas para a combater.
Permitam-me apresentar uma lista não exaustiva, mas esclarecedora:
Na questão da saúde, apercebemo-nos agora das medidas contraproducentes tomadas – estas não levaram ao salvamento de mais vidas humanas. A mortalidade, quando comparada com anos anteriores, foi maior, significativamente: morreram mais seis mil pessoas em Portugal do que em período homólogo do ano passado.
Com a Covid-19 vêm sempre à ideia “os nossos avós”. A verdade é que estas medidas conduziram a um excesso de mortalidade de avós, pais, filhos e irmãos pelas mais variadas causas.
Era inocente pensar que faltas a consultas, cirurgias adiadas, urgências evitadas, não realização de rastreios oncológicos, entre outros cuidados, não levariam a uma mortalidade acrescida.
Todos estes comportamentos ficaram a dever-se à utilização do medo pelo Partido Socialista, responsáveis políticos e media, que viram no pânico uma via mais fácil para a submissão.
Os efeitos psicológicos adversos, naquele que é o país europeu com a mais alta taxa de prescrição de antidepressivos e similares, também não pode ser ignorado.
Isolamento, frustração, perdas financeiras avultadas e o próprio medo de ser infetado, causados pelas medidas tomadas para lidar com a Covid-19, bem como pelo método – o medo – para as impor, causam, comprovadamente, ansiedade, irritação, recaídas em casos de alcoolismo e até eventos de stress pós-traumático. Taxas mais altas de suicídio estão associadas a recessões económicas. Esse não é um problema grave em Portugal?
Por onde prosseguir?
Pelos desempregados que terão um excelente seguro de saúde daqui para a frente? Pelas crianças, sem meios para acompanhar métodos alternativos de ensino, que seguirão prejudicadas para o resto da vida? Pela população africana que a OMS já disse não ter recursos suficientes para apoiar com tão necessários planos de vacinação e distribuição de redes mosquiteiras, devido à alocação de recursos para a pandemia Covid-19? Pela dívida – do Estado e não só – que as gerações futuras carregarão sobre os ombros?
Não, não vou por aí, pois essa não foi a minha gota de água.
Agora, o Partido Socialista, fiel à sua deriva autoritária e cada vez mais próximo dos seus parceiros de coligação decidiu facilitar as expropriações com vista à “estabilização económica e social”.
O direito de propriedade privada está em cheque, um retorno aos tempos do Processo Revolucionário Em Curso (PREC) está evidente, o caminho para ideologias já refutadas pela realidade e, pensávamos, enterradas definitivamente no século XX, têm o caminho aberto neste Portugal retrógrado e atrasado.
Tudo isto, devido a uma doença acerca da qual ainda não se têm dados fiáveis relativos à sua mortalidade efetiva, devido à inexistência de ensaios serológicos alargados, mas cujas estimativas iniciais, já se sabe, estavam largamente inflacionadas, causando o pânico de uma forma irresponsável, contrária às boas práticas da investigação científica.
O medo, ao invés do dever moral e cívico bem como uma correta orientação política, mostrou ser um expediente mais fácil para cumprimento das medidas iniciais, mas o bem-estar geral e mesmo o processo de tomada de decisão política começam a ver-se severamente prejudicados.
Mesmo quando a ameaça deixar de existir, em vez de um “novo normal” veremos perpetuados “novos medos”, que restrinjam um retorno às habituais interações sociais e à produtividade necessária.
Terei os cuidados necessários que a moral e o dever cívico me impõem, mas não viverei acorrentado pela Covid-19, paralisado pelo medo e, principalmente, subjugado pelo PS!