Logo no prefácio de Eurabia: The Euro-Arab Political Axis, a historiadora franco-britânica Bat Ye’or (nascida no Egipto) define dhimmis como os “indivíduos ou povos subjugados e não-muçulmanos que aceitam a subordinação restritiva e humilhante de um poder islâmico ascendente para evitar a escravidão e a morte humilhante”. Os dhimmis concordam, portanto, em viver submetidos a um ordenamento jurídico separado e humilhante e às exigências dos conquistadores e governantes muçulmanos.
O que se passa, hoje, em muitos países da Europa, é que os nativos cedem cada vez mais às reivindicações de determinadas minorias, nomeadamente das comunidades muçulmanas. No caso da Grã-Bretanha governada por Keith Starmer e pelo seu fiel Partido Trabalhista, chega a ser pertinente perguntarmo-nos se o actual primeiro-ministro britânico governa para aqueles que elegeram os seus representantes para a Câmara dos Comuns ou para aqueles, muitos deles muçulmanos, que escolheram a Grã-Bretanha como casa a ser utilizada para os caprichos mais destrutivos.
O filho adolescente de um casal imigrante do Ruanda esfaqueou três jovens raparigas, até à morte, num workshop de dança com música da Taylor Swift. Para além disso, feriu severamente outras oito. Isto aconteceu em Southport, perto da cidade de Liverpool. Esse horrível assassínio despertou protestos e manifestações por britânicos que já estão fartos do estado a que o seu país chegou e que sabem que não existe um controlo apropriado do tipo e do número de pessoas que são acolhidas no Reino Unido.
No discurso de Keir Starmer, houve mais menções a “rufias de extrema-direita” (“far right thugs”) do que o sofrimento causado pela retirada de vida a três raparigas inocentes. Ignorou completamente a hipótese das manifestações serem produto de uma preocupação generalizada, entre os britânicos, de uma imigração em massa que está a afetar a segurança e a tranquilidade dos seus filhos, das suas famílias e comunidades. Em vez de tentar tranquilizar os britânicos e prometer que iria fazer alguma coisa quanto ao fluxo migratório que aflige o país que governa, atribuiu fundos de emergência de segurança a mesquitas e avançou com a expectativa de combater e reprimir manifestantes. O resultado das escolhas de péssimo gosto de Keir Starmer foi a inflamação da Grã-Bretanha, com protestos e manifestações que foram para muito além de Southport.
A Estranha Morte da Europa: Imigração, Identidade e Islão, de Douglas Murray, publicado há sete anos (a edição portuguesa saiu há seis anos), foi talvez o livro mais incisivo sobre as consequências da crise migratória para a Europa. Contudo, outra obra que eu penso que documenta, de forma igualmente exemplar, os impactos da imigração maciça na Europa é Mass Migration in Europe: A Model for the U.S.?. Esse livro foi produzido quando o seu autor, Robert Spencer, já era Senior Fellow do Center for Security Policy. O 3.º capítulo da obra mencionada de Spencer esclarece os modos como a sociedade civil é dividida pela imigração na Europa, para além de evidenciar uma certa cultura de comodismo diante das perturbações criadas por imigrantes de países muçulmanos nos países europeus.
Um dos municípios, a que os meios de comunicação social deram mais destaque, ao reportarem sobre as manifestações de Julho e de Agosto de 2024, foi Rotherdam, a nordeste de Sheffield. Spencer recorda que, já em 2014, canais televisivos, como a BBC, noticiaram sobre os “gangues muçulmanos” que “brutalizaram, agrediram sexualmente e violaram mais de 1400 raparigas jovens britânicas, enquanto as autoridades permaneceram extremamente relutantes em dizer ou fazer o que quer que fosse como resposta, com receio de serem rotulados de “racistas””. Essa relutância estendeu-se a outros funcionários públicos de Rotherdam, que “relataram o seu nervosismo em identificarem as origens étnicas dos criminosos”.
O jornal The Guardian, em Outubro de 2014, relatou que “a exploração sexual de crianças vulneráveis” se tinha tornado uma “norma social em algumas partes de Grande Manchester”. Isto de acordo com um ex-polícia. Segundo uma edição do The Mirror de 2015, poderia haver, até essa altura, até um milhão de vítimas de exploração sexual infantil na Grã-Bretanha. A ex-deputada por Stockport, então filiada ao Partido Trabalhista e, atualmente, fundadora do Change UK, Ann Coffrey, publicou, em 2014, um relatório sobre a exploração sexual de crianças na Grã-Bretanha que iria “provocar uma leitura dolorosa para aqueles que esperavam que Rochdale era um caso isolado”. Foi em Rochdale, perto de Manchester, que “um grupo de muçulmanos”, segundo uma notícia do jornal Telegraph de Maio de 2012, “estava envolvido num ringue em larga escala de tráfico sexual envolvendo jovens raparigas não-muçulmanas”.
Em Março de 2015, a Polícia de South Yorshire, o condado que abrange cidades como Rotherdam e Sheffield, contou, segundo a BBC, que sabia que centenas de jovens raparigas estavam a apresentar queixas de abuso sexual em Sheffield, mas que não tinham seguimento. Segundo Coffrey, a autora do relatório mencionado acima, “a polícia, os trabalhadores do serviço social, os promotores de justiça e os juízes têm frequentemente (ainda que inconscientemente) preconceitos diante de adolescentes vulneráveis – o que pode explicar porque, entre 13000 casos relatados de ofensas sexuais contra menores de 16 anos, nos últimos seis anos, na Grande Manchester, só tenha havido 1000 condenações”.
Segundo uma notícia do MailOnline, o website do jornal The Daily Mail, de Janeiro de 2020, um agente da Polícia de South Yorkshire informou o pai de uma das vítimas destes gangues que os criminosos jamais poderiam ser processados por serem “asiáticos” e que não poderia deixar isso “sair para fora (“With it being Asians, we can’t afford for this to be coming out”).
Segundo uma edição do jornal Independent de Dezembro de 2019, a então Secretária de Estado para os Assuntos Internos, Sajid Javid, observou que, entre os delinquentes, havia uma “elevada proporção de homens de ascendência paquistanesa”. Segundo um relatório da West Midlands Police, divulgado por uma notícia do BirminghamLive, em Outubro de 2014, pelo menos 75% dos gangues de exploração sexual e de violação a operarem na Inglaterra eram “asiáticos”.
De facto, documenta-se que alguns membros desses gangues se referiam às suas vítimas como “raparigas brancas sujas”, “carne fácil” ou “lixo branco” e que as culpavam por serem as próprias vítimas. As esposas destes delinquentes expressaram observações semelhantes. Segundo uma notícia do Daily Mail de Janeiro de 2020, “ataques sexuais a jovens raparigas por gangues de grooming [gangues de sedução] asiáticos eram ignorados porque a polícia temia a estimulação de tensões raciais”.
A então Home Secretary Sajid Javid encomendou um relatório, em 2018, aos funcionários do Home Office, mas a publicação foi atrasada por esse relatório sobre a etnicidade dos gangues de violação revelar que os criminosos eram quase todos muçulmanos paquistaneses. O relatório acabou por não ser publicado. A sua sucessora, Priti Patel, foi pressionada para que o conteúdo desse relatório não fosse divulgado, apesar de ter admitido que “a razão pela qual precisamos de perfis de criminosos é para permitir à polícia desfazer e impedir gangues grooming”.
Robert Spencer não se deixa convencer com o argumento de que os membros destes gangues cometem as crueldades que conhecemos por serem necessariamente “asiáticos”. Muito provavelmente, sugere Spencer, fazem o que fazem porque “a sua religião deu-lhes o direito”. E as coberturas vieram “de um medo de que os não-muçulmanos começariam a ter visões negativas do Islão como resultado”. No versículo 3 da sura 4 (4:3), o Alcorão diz: “Se temeis tratamento não equitativo em relação aos órfãos, desposai (outras) duas, três ou quatro das mulheres que vos aprouver. Se temeis não tratar justo entre elas, esposai uma só, ou uma cativa sob vossa autoridade. Isso é o mais adequado, para que não cometais injustiça”. No versículo 24 da sura 4 (4:24), o Alcorão diz: “Também vos está vedado desposar as mulheres casadas, salvo as que tendes à mão. Tal é a lei que Deus vos impõe. Porém, fora do mencionado, está-vos permitido procurar, munidos de vossos bens, esposas castas e não licenciosas. No versículo 59 da sura 33 (33:59), o Alcorão diz “Ó Profeta, dize a tuas esposas, tuas filhas e às mulheres dos fiéis que (quando saírem) se cubram com as suas mantas; isso é mais conveniente, para que distingam das demais e não sejam molestadas; sabei que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo”.
Como podemos ver, o livro sagrado do Islão contém mais do que um versículo que sugere a possibilidade de as mulheres “infiéis” ou não-crentes serem utilizadas para fins sexuais. Ainda de acordo com Spencer, o último versículo citado parece ter como implicação que, caso as mulheres não se cubram adequadamente com o seu vestuário exterior, podem ser justificadamente abusadas, Apesar de nem todos os muçulmanos (aliás, a maioria) considerarem envolver-se neste tipo de crimes, aqueles que o fazem podem muito bem justificá-los nos ensinamentos do Alcorão
Mas, avancemos para este ano. O procurador-chefe, Stephen Parkinson, avisou, sem qualquer tipo de remorso aparente, que partilhar e republicar conteúdo online sobre os protestos e as manifestações de Julho e de Agosto de 2024 seria considerado crime graves susceptível de levar os seus autores à prisão.
Em Plymouth, uma cidade no sudoeste da Inglaterra, esquerdistas radicais destruíram uma igreja e retiraram das suas paredes pedras para atirar contra os manifestantes do movimento Enough Is Enough, enquanto a polícia se concentrava unicamente em combater os últimos. Esquerdistas radicais esses que costumam manifestar-se ao lado de muçulmanos radicais e islamistas enquanto seguram bandeiras da Palestina e gritam “from the river to the sea, Palestine will be free” (“do rio até ao mar, a Palestina será livre”).
Segundo uma edição do jornal Express de 1 de Agosto de 2024, uma mulher de 73 anos, que participou numa demonstração “Stop the Boats”, em Westminster, na noite de 31 de Julho, foi algemada, enquanto dizia que tinha “um marca-passo” e que “nunca tinha sido presa antes”. Apesar de ter havido manifestantes que atiraram garrafas de vidro e latas de cerveja à polícia, muitos manifestantes pacíficos foram algemados e detidos por simplesmente reunirem-se na praça pública e terem alguma coisa a dizer.
Um muçulmano a segurar uma espingarda AK-47 e a ameaçar arrebentar, aleatoriamente, com a cabeça de outras pessoas (revelado num post, no X, do fundador da Freedom Train International, Jim Ferguson, a 5 de Agosto de 2024) parece ser muito menos preocupante do que ir para as ruas reivindicar um ponto de viragem face às portas escancaradas a que o Reino Unido se tem submetido.
Muçulmanos radicais a jurarem, nas redes sociais, que iriam assassinar qualquer membro da English Defense League que aparecesse em Walthamstow, uma vila a doze quilómetros a nordeste do centro de Londres, também parece merecer menos atenção do que protestos contra o multiculturalismo (post, no X, de Andy Ngo a 7 de Agosto de 2024).
Em Bolton, uma vila pertencente à Grande Manchester, o gangue muçulmano Muslim Defense League ocupou as ruas e agrediu manifestantes do movimento Enough Is Enough. Uma outra patrulha de muçulmanos fez o mesmo em Middlesbrough, no condado do North Yorkshire (post, no X, de Andy Ngo de 4 de Agosto de 2024), e outra chegou a utilizar, em Sheffield machetes para perseguir pessoas suspeitas de se envolverem em protestos críticos da imigração (post, no X, de SAMMY Woodhouse de 8 de Agosto de 2024). Até agora, parece que nenhuma dessas patrulhas muçulmanas” foi sujeita ao mesmo escrutínio que movimentos como o Enough Is Enough e o Stop The Boats receberam.
Nem passaram três meses, e o primeiro-ministro Keir Starmer já está a dar indicações daquilo que os britânicos terão de suportar durante os próximos quatro anos, isto se a presente legislatura durar até 2028. A postura de Starmer só contribui para que o Reino Unido seja cada vez mais um país de dhimmis, de pessoas que já não reconhecem o país como inteiramente seu e que se sentem ameaçados por uma minoria étnica e religiosa que impõe cada vez melhor as suas convicções e exigências. Tanto que já conseguem convencer as autoridades a não acusá-las do que quer que seja, por muito sangue, dor e gritos de desespero que possam ter nas mãos. Os que outrora eram convidados passam a ser simples arruaceiros, os compatriotas de outrora passam a ser violentos traidores. E isto vai passando e passando, enquanto uns se exaltam e outros fecham os olhos, cerram os punhos e disparam contra aqueles que querem fazer algo quanto ao que se está a passar.