A atual situação económica em Portugal revela uma realidade preocupante: metade dos portugueses empregados enfrenta dificuldades para cobrir suas despesas mensais com os salários que recebem. Este é um problema que não pode ser ignorado pelos políticos e pelas políticas sociais, pois afeta diretamente a qualidade de vida da população e o desenvolvimento económico do país.

Para abordar esta questão de forma eficaz é necessário considerar a relação entre os salários e os impostos, bem como procurar soluções que possam impulsionar o crescimento económico. Neste contexto, a diminuição do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) e do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC), combinada com um aumento dos vencimentos globais, emerge como uma solução viável.

Uma das principais autoridades nessa abordagem é o renomado economista Thomas Piketty, autor do livro O Capital no Século XXI. Piketty argumenta que a desigualdade de rendimento é um problema intrínseco ao sistema capitalista e que medidas fiscais progressivas são necessárias para reduzir essa disparidade. A diminuição do IRS poderia aliviar a carga tributária sobre os trabalhadores de menor renda, enquanto o aumento dos salários garantiria um padrão de vida mais digno.

Além disso, o economista Joseph Stiglitz, vencedor do Prémio Nobel de Economia, sustenta a importância de uma redistribuição equitativa da riqueza para promover o crescimento económico sustentável. Segundo o autor, quando uma grande parcela da população tem dificuldades para atender às suas necessidades básicas, isso cria um obstáculo ao consumo e ao investimento, impedindo o desenvolvimento económico.

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Neste sentido, o verdadeiro desafio reside na falta de compreensão por parte dos políticos sobre a dura realidade enfrentada por muitos trabalhadores. Os políticos, que ganham acima da média, desconhecem as dificuldades do dia-a-dia de um trabalhador comum, pelo que naturalmente têm dificuldade em se identificar com a luta diária para equilibrar as contas. Ao apresentarem subsídios com valores irrisórios, em detrimento de uma política estrutural, mostram a sua total ignorância daquilo que são as vicissitudes de gerir um curto orçamento familiar. Este problema agudiza-se quando vemos, no panorama político português, uma quantidade enorme de políticos que nunca tiveram uma vida profissional independente, isto é, que nunca tiveram um vencimento que não fosse associado à estrutura partidária ou a cargos políticos.

Esse desfasamento da realidade é prejudicial, pois impede a formulação de políticas que beneficiem efetivamente as pessoas. Políticos que não compreendem as dificuldades financeiras dos seus eleitores podem tomar decisões que não atendem às necessidades da maioria. Portanto, é crucial que haja uma mudança de paradigma naquilo que terão de ser os novos políticos. A abertura dos partidos à sociedade civil é fulcral, para fazer cumprir esse que deveria ser um desígnio.

Por tudo isto, a preocupante realidade dos salários em Portugal deve ser uma prioridade para os políticos e as políticas sociais. A diminuição do IRS e do IRC, combinada com o aumento dos vencimentos globais, pode ser uma solução para promover o crescimento económico e reduzir a desigualdade.