Portugal é o quarto país da União Europeia onde as pessoas trabalham mais horas por semana. No geral, essas horas a mais não se traduzem em valor acrescentado na nossa economia, tendo até a nossa produtividade baixado no último ano. O que nos falta para transformar menos horas em mais valor?
O autor americano Daniel Pink, no seu livro Drive, descreve as 3 fontes de motivação das pessoas no contexto de trabalho: autonomia – relacionado com a auto-determinação; mestria – a vontade de ser melhor; e propósito – trabalhar em algo com significado.
Dificilmente uma empresa consegue oferecer as três componentes, mas pode proporcionar uma mistura entre elas, onde uma se pode destacar, dependendo da cultura de cada negócio.
A questão salarial é fonte de motivação até um certo ponto, a partir do qual tem um efeito inverso. Assim, as 3 dimensões acima referidas assumem especial importância e têm algo em comum: nenhuma é aprendida ou ensinada numa sala de formação ou num curso.
Como seres humanos, todos nós procuramos o desenvolvimento e queremos ser melhores. Para tal, temos de ter um ambiente onde possamos crescer. Criar esse ambiente é a principal função dos líderes das empresas. Sem o empenho da equipa de gestão as pessoas vão cristalizar na sua função e repetir a sua rotina até saírem, o que, com a atual necessidade de adaptação, é um custo que nenhuma empresa pode acarretar.
Como fomentar o potencial das equipas
Há vários casos de empresas que procuram criar este ecossistema onde as pessoas têm mais autonomia, aprendem e sentem que estão a trabalhar para um propósito..
Para tal, as empresas podem, por exemplo, desenvolver projectos variados e delegar responsabilidades nos diferentes membros, como a planificação, estratégia, execução e avaliação de impacto. Para além disso, as conversas semanais para discussão dos projectos pessoais permitem identificar competências a desenvolver e dar ferramentas à pessoa para evoluir.
A discussão nas empresas tem-se centrado na falta de competências das pessoas numa altura de muita mudança e da automatização. Chegou a altura das empresas serem também responsáveis por contribuir para essa transição – criando espaços para as pessoas crescerem e se desenvolverem. Quando o fizerem, vão perceber que não são só as pessoas que irão beneficiar, mas os seus resultados também.
Daniel Araújo, 31 anos, é o CEO da Attentive, uma empresa tecnológica criada em 2015, considerada “Top 10 B2B Startup in Europe” em 2016. Em 2017, participou no programa de aceleração Techstars em Boulder, EUA. Antes de lançar a empresa, foi analista de Indústria na Google em Dublin e Londres durante cinco anos. Juntou-se ao Hub de Lisboa dos Global Shapers em 2017
O Observador associa-se aos Global Shapers Lisbon, comunidade do Fórum Económico Mundial para, semanalmente, discutir um tópico relevante da política nacional visto pelos olhos de um destes jovens líderes. Irão partilhar a visão para o futuro do país, com base nas respetivas áreas de especialidade, como aconteceu com este artigo. O artigo representa, portanto, a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da Comunidade dos Global Shapers.