Todos os partidos políticos, seja em Portugal, ou no estrangeiro, têm uma estrutura formada pelos seus dirigentes, pelos seus quadros notáveis e, acima de tudo, pelas suas bases.

Hoje venho falar sobre a Moção de Estratégia Global “A Soma que Dá Um”, para o 29º Congresso Nacional do CDS, em Guimarães. O primeiro subscritor é o Dr. Octávio Rebelo da Costa, militante-base do CDS, mas já com um largo pecúlio de anos enquanto dirigente associativo; enquanto impulsionador da estrutura local da Juventude Popular em Sintra, da qual foi presidente e, mais recentemente, enquanto autarca na freguesia de Queluz-Belas (Sintra), pelo CDS, no mandato 2017-2021.

É um homem do terreno, jovem (só tem 33 anos), mas com uma capacidade de observar o mundo e os problemas do seu partido que bem fizeram falta nos últimos anos ao CDS que, de 2015 em diante, entrou em queda livre e desapareceu do Parlamento nas eleições de 30 de janeiro de 2022.

O Octávio Rebelo da Costa chamou militantes-base do CDS, de Norte a Sul do país, que viram que a sua voz foi ignorada insistentemente, desde o Congresso de Lamego, em 2018, para erguer uma moção de estratégia global que fosse uma alternativa aos apoiantes do demissionário Francisco Rodrigues dos Santos, bem como ao candidato mais mediático, o eurodeputado Dr. Nuno Melo.

Os militantes-base não foram ouvidos durante anos, mas têm muitas das possíveis soluções para reerguer o partido, plasmadas na Moção “A Soma que Dá Um”. Em primeiro lugar, pretendem congregar as diferentes fações no partido, acabando com as diversas tentativas de purga que aconteceram nos tempos mais recentes, que fizeram muitas pessoas válidas e mediáticas saírem do CDS (ex: Dr. Adolfo Mesquita Nunes) e, até, fizeram muitos militantes-base e simpatizantes entregarem o seu voto, como forma de protesto, a forças como a IL e o Chega, nas últimas eleições.

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É uma missão complicada, mas o descomprometimento com o passado dos subscritores desta moção, faz deles os melhores congregadores de fações, podendo reerguer o partido com os melhores, quer a nível local, quer a nível nacional. Basta ver que o CDS ainda tem implantação autárquica que pode e deve ser bem aproveitada, numa altura em que os 86000 votos das últimas legislativas não se traduziram em mandatos no Parlamento. As querelas destroem qualquer instituição: seja na política ou no mundo empresarial. Ouvir diferentes opiniões e aproveitar o melhor de cada um é sinal de inteligência e cria um dinamismo necessário para o sucesso!

E, para ouvir e divulgar as opiniões dos representantes do CDS, surge na moção uma proposta/bandeira arrojada em termos de comunicação: utilizar os canais de comunicação digitais, como as redes sociais, para divulgar o trabalho e propostas dos autarcas e militantes, a nível local, que têm impacto nas suas comunidades, respondendo às reais necessidades das populações. É a partir das comunidades que se pode começar a imprimir a marca CDS, de Norte a Sul, passando pelas ilhas.

Ainda na área da Comunicação, “A Soma que Dá Um” tem duas grandes preocupações: congregar os militantes, dotando as estruturas locais e distritais de meios de comunicação eficazes a nível de email e redes sociais, criando conteúdos e apelando à participação dos militantes na vida do partido. Acima de tudo, acabar com centralismos e silêncios prolongados que fizeram o partido definhar no Nordeste Transmontano e no Algarve. A segunda preocupação é de índole económica: fazer uma comunicação mais eficaz e direta, a partir de “crowdfunding”. O partido precisa de estar visível nas ruas e criar conteúdos específicos para outdoors localizados em pontos estratégicos. Sabendo que o partido ficou reduzido a 20.000 euros mensais de subvenção para sobreviver, nada como envolver a comunidade CDS, para ajudar a catapultar o partido, nesta altura de fragilidade e sobrevivência. Assim, replicam algo que outras forças partidárias mais jovens fizeram bem e os colocaram no Parlamento, em menos de 2 anos de vida.

É de salientar que mais nenhuma moção de estratégia global apresentada para o 29º Congresso do CDS tem estas propostas de comunicação evidenciadas. Logo, a moção “A Soma que Dá Um” a ter ideias positivas, dinâmicas e válidas, que merecem ser aproveitadas por quem conquistar o CDS no dia 3 de abril, em Guimarães.

A nível interno, ainda é proposta a realização de eleições diretas, que permitam que o presidente do CDS seja eleito por todos os militantes, em vez dos moldes atuais, em que a sua eleição é feita em Congresso, pelos congressistas eleitos a nível concelhio. É uma ideia que já tem funcionado noutros partidos, como o PSD, e que aumenta a legitimidade interna das suas lideranças.

Os militantes-base do CDS que subscreveram e contribuíram com ideias válidas a nível interno, para esta moção de que vos falo, também têm preocupações externas, para o país. Defendem impostos mais baixos, capazes de reerguer a economia, por via do investimento; defendem o fim da “cegueira ideológica” que os governos de esquerda têm tido, e que em nada contribuíram para a qualidade do SNS, no seu nível de serviço e na motivação dos seus profissionais, levando muitos a emigrar e a entrar em “burnout”.

Ao nível da Educação e Justiça, é traçado o diagnóstico nacional: país com inúmeras complicações e com sistemas educativos e judiciais morosos e pouco eficazes. Logo, é defendida a “descomplicação” e “isenção” da Educação, com vista para o futuro, olhando para as boas práticas europeias. Ao nível da Justiça, é reconhecer como pilar do Estado de Direito, mas que tem de ter uma atuação mais célere, de modo a conquistar a credibilidade e confiança dos cidadãos, cada vez que recorrem à mesma.

Certamente que esta moção deixará o prof. Adriano Moreira (ex-presidente do CDS e antigo Conselheiro de Estado) orgulhoso, pois replica na perfeição as suas seguintes palavras, bem presentes e atuais:

É preciso que as pessoas em primeiro lugar estudem os problemas do país, apontem as soluções que lhes parecem razoáveis, e deixar aos outros o trabalho de colocar etiquetas. Que é o trabalho mais fácil”.

Portanto, foi com especial apreço e orgulho que apresentei aos leitores a moção “A Soma que Dá Um”, na Sede do CDS, no dia 25 de Março.

Subscrevi e contribui com ideias, pois sinto que os militantes-base, em qualquer força partidária, têm um conhecimento mais terreno e direto da realidade do país, bem como da realidade interna, que pode e deve ser bem aproveitada pelos dirigentes nacionais.

Por isso, para o CDS e para o país, é a hora de dar voz à moção “A Soma que Dá Um”!