É oficial, chegou a Primavera. Essa estação que tanto nos inspira artisticamente e que nos permite desfrutar de um tempo mais ameno. É nesta altura que aproveitamos para realizar um maior número de atividades ao ar livre e também para iniciar os passeios mais longos com os nossos fiéis companheiros. Porque não há nada tão prazeroso como aproveitar em conjunto as maravilhas que a Natureza nos oferece durante esta época.

Apesar da beleza que a caracteriza, a Primavera traz consigo um número de alterações ambientais que poderão representar um risco acrescido para a saúde dos nossos cães.

Comecemos pela mais óbvia e que também nos afeta: as alergias. A Primavera é um período em que a concentração de pólen no ar aumenta substancialmente, o que leva a reações de hipersensibilidade ou intolerância nos nossos animais. Esta intolerância pode gerar variados sintomas aos quais nos devemos manter atentos, tais como: comichão, espirros, tosse, vermelhidão nos olhos, corrimento ocular ou nasal. Dependendo de cada cão, e da sua sensibilidade ao pólen, poderá tratar-se de um episódio esporádico ou, por outro lado, de algo que o deixe constantemente desconfortável. Neste último caso, a situação deverá ser sempre avaliada pelo veterinário que o acompanha.

No entanto, o pólen não é o único fator que poderá desencadear estas alergias, podendo as picadas de pulgas – que recomeçam a sua atividade neste período – produzir o mesmo efeito.

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Com a chegada da Primavera, o clima mais quente leva a que mosquitos e certos parasitas – nomeadamente pulgas e carraças – “despertem” do coma invernal, iniciando a sua atividade normal. Para além das alergias já referidas, as pulgas, assim como os mosquitos e carraças, representam um sério risco à saúde dos cães através da transmissão de certas doenças.

Quando falamos de mosquitos, destacam-se duas patologias, a nível nacional, que constituem uma séria ameaça: a Leishmaniose e a Dirofilariose. Ambas apresentam elevados índices de prevalência no nosso país, estimando-se que cerca de 12% dos cães estão infetados pelo parasita da Dirofilariose e 12.5% apresentam Leishmaniose – chegando a alcançar cifras na ordem dos 30% em algumas regiões. As duas são zoonoses, o que significa que nos podem ser transmitidas, e poderão ter graves repercussões, sendo que a Leishmaniose é incurável. De forma a reduzir consideravelmente a probabilidade de que os nossos cães as possam contrair, a chave reside na prevenção. Através de desparasitações regulares – seguindo sempre o plano estabelecido pelo veterinário -, complementando com o uso de coleiras desparasitantes, e de vacinação no caso da Leishmaniose, estaremos a reduzir significativamente o risco existente. Basta um, apenas um, pequeno inseto para transmitir estas doenças e assim colocar em causa a sua saúde.

Seguindo a mesma linha, há que ter em conta que estamos no período das lagartas do pinheiro, que habitualmente se estende desde Janeiro até ao início de Maio. Durante esta janela temporal, devemos permanecer vigilantes e evitar soltar os nossos cães em zonas com pinhais – local onde nidificam e iniciam o seu trajeto em grupo. Para as conseguirmos identificar mais facilmente, é importante saber que as lagartas se deslocam em modo de fila ou procissão, daí serem muitas vezes apelidadas como lagartas processionárias.  Estes insetos podem ser nefastos para os cães, já que os seus pêlos urticantes possuem substâncias tóxicas que podem desencadear vários sintomas agudos, como salivação excessiva, vómitos, inchaço do focinho e necrose da língua. Podem mesmo chegar a ser fatais em alguns casos.

Por último, mas não menos importante, há algo indispensável para a manutenção da saúde dos cães que deve ser incentivado durante todo o ano (e todos os dias), mas que assume uma maior preponderância com a chegada de temperaturas mais elevadas: a hidratação. É extremamente importante assegurarmos que os nossos fiéis amigos tenham água fresca e sempre à disposição.

A Primavera é uma época aguardada por muitos, havendo uma maior predisposição para sair para o exterior e, claro, levar os nossos cães connosco. Para que, juntos, possamos aproveitá-la ao máximo, devemos tomar as devidas precauções para proteger a saúde dos nossos amigos caninos.