A festa do Avante não é uma festa qualquer. É um evento essencialmente político e como sempre contará com uma delegação Russa nas suas festividades. O Partido Comunista Português, que apoia incondicionalmente Putin, traz este ano um cartaz com várias figuras de renome nacional e uma delas, em março, actuou em concertos de apoio a refugiados Ucranianos – a fadista Carminho.

De facto, os nossos artistas são livres de se promoverem e aceitarem todos os espectáculos que entenderem, revestidos de qualquer carácter. Mas em tudo isto há um facto inegável: se em março se é solidário com o povo ucraniano e se em setembro se faz parte integrante de um evento político que apoia de forma incondicional o regime do país invasor da Ucrânia, não vos parece existir nisto grande contra-senso?

Depressa as redes sociais e a opinião pública vieram a terreiro insurgir-se contra a fadista Carminho. Haverá razão para tanta indignação?

Na minha opinião, toda a “revolta” é digna de registo. Os artistas têm um papel indubitavelmente crucial nas causas sociais. E quando atuam em prol de uma, é extremamente difícil aceitar que, por outro lado, façam o seu espectáculo num evento directamente ligado, sem qualquer dúvida, a algo totalmente contrário.

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Ou seja, será de algum modo incompreensível que a fadista Carminho em março participe num concerto solidário a favor dos refugiados Ucranianos e que agora vá actuar à festa de um partido político que apoia a invasão Russa que a todos nós directamente afecta, por questões económicas como sociais.

Por factos como este, podemos com alguma legitimidade questionar até onde vai, ou até onde deveria de ir, a coerência. E, não o podemos negar, os artistas, por serem o que são, quer pelas emoções que nos transmitem, quer pelas ações em que participam, são alvo de escrutínio público.

Assim, lamentavelmente, a fadista Carminho não se apercebeu do grande lapso que na minha opinião cometeu ao aceitar fazer parte de um cartaz de uma festa política como é a Festa do Avante no caso em apreço.

A liberdade que a fadista tem para o fazer é mesma que a minha em a poder criticar.

Mas porque razão só falo nela? Simples. Porque gostei bastante do seu gesto no concerto de apoio aos refugiados ucranianos.