As longínquas eleições presidenciais acordaram, nestes últimos dias, a vontade de certas personalidades políticas de se destacarem. O isco lançado por Santana Lopes atraiu peixes, peixinhos e um ou outro tubarão, quase todos da mesma maré: a direita portuguesa.

Não deixa de ser curioso que uma parte do comentariado em Portugal veja este alarido presidencial como o “grande acordar” do centro-direita e do PSD quando faltam mais de dois anos para as próximas eleições presidenciais. Contudo, já para o ano que vem teremos as eleições europeias e sobre isso: ainda nada.

A direita, como bem disse Paulo Portas – que de resto foi o adulto na sala desta academia televisiva de proto-candidatos – deveria estar mais preocupada em construir uma alternativa sólida ao governo de António Costa em vez de se focar em encontrar indivíduos para um cargo que está longe de ficar vago. Podia começar por falar da Europa e por mostrar que tem um projeto para o Parlamento Europeu. Mostrar que vai conseguir infligir ao primeiro-ministro a sua primeira grande derrota eleitoral desde que assumiu funções. Mas não. Mais uma vez, a direita decide ir na corrente daquilo que dá jeito ao Governo: que não se fale do estado atual do país ou dos inúmeros casos e casinhos de que é protagonista.

Com a sua política de alianças dúbia – na Madeira, o PSD já se aproxima do Chega! – e uma incapacidade de representar uma linha clara de oposição, o Partido Social-Democrata estende a passadeira ao PS. Aqui, é inegável: António Costa tem as costas quentes. Sabe que a única oposição séria que tem é dentro do próprio partido. Keep your enemies close

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Mas enfim. A este ritmo, aparentemente, parece que um terço da população portuguesa será candidata à Presidência. Marques Mendes e Santana Lopes já são praticamente candidatos, Clara Ferreira Alves já assumiu com grande graça que se vai candidatar, Durão Barroso deve estar por esta altura a contar um a um se há portugueses suficientes que já o tenham perdoado por ter ido para a Comissão Europeia numa altura em que o país contava consigo, Rui Rio está com vontade de ser engraçado e Augusto Santos Silva aguarda a próxima intervenção de Ventura no Parlamento para se armar em paladino da Democracia e ser manchete de jornal neste clima de euforia presidencialista.

Lamento desapontar os leitores, mas não serei candidato à Presidência da República em 2026, até porque ainda não tenho idade para tal. Quando tiver, quem sabe! Neste tipo de clima tudo é possível.

A presidência da República está como os gelados da Santini: há sabores para todos os gostos. Escolha o seu.