Neste fim-de-semana, o CDS-PP reúne, em Lamego, o seu 27º Congresso.

Para quem vive o partido é sempre um momento que envolve reflexão, decisões e escolhas pessoais, mas também a emoção de (re)encontrar a comunidade militante que, de norte a sul, dos Açores à Madeira e incluindo a diáspora, ergue a bandeira e defende os valores do centro-direita português.

Desde o mítico 1º Congresso, ocorrido no Porto, em 1975, com os congressistas sitiados pelas intolerantes hordas vermelhas, percebeu-se que o CDS tinha nascido para defender a liberdade e fazer parte da pluralidade democrática. Décadas depois, geracionalmente renovado, o CDS-PP mantêm-se como o salutar baluarte onde democratas-cristãos, conservadores e liberais trabalham em prol da construção de um humanismo personalista, onde o homem não seja oprimido pelo homem, nem pelo Estado. Onde a livre iniciativa também alavanque a solidariedade nacional e a fraternidade social. Onde a integração de Portugal na construção europeia contribua para a defesa das liberdades cívicas e religiosas, da igualdade social do homem e da mulher e dos direitos das minorias. Ideias perenes e de actualidade que estão inscritas na nossa Declaração de Princípios, aprovada em Julho de 1974. São o nosso ADN.

É com esta base que nos apresentaremos em Lamego para debater que CDS queremos para os próximos anos pelo que não vale a pena tentar criar ruído entre pragmatismo versus valores. Os militantes do CDS sempre valorizaram as ideias, caso contrário estariam noutro partido, mais próximo do poder e seguramente menos exigente.

Os portugueses querem soluções e a discussão ideológica, embora necessária, não pode turvar e retirar o foco do que é essencial. Enquanto autarca, a essência mais pura da acção de um político, sei bem a urgência em apresentar respostas para os problemas dos cidadãos, sem nunca esquecer a matriz ideológica e valores que norteiam o CDS. Observe-se como a Juventude Popular dá nota desse exemplo bem estruturado, através da moção que apresenta ao Congresso.

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Neste Congresso consagramos uma líder – Assunção Cristas – pelos bons resultados eleitorais das autárquicas e juntos preparamos os próximos desafios eleitorais. Nesse sentido serão apresentadas e votadas várias moções gerais e sectoriais destacando aquela em que activamente participei, apresentada pela distrital de Lisboa «Portugal: Compromisso de Gerações», um contributo para o Partido que agrega muitos dirigentes, militantes, simpatizantes e independentes.

Portugal não é Lisboa, mas nas autárquicas de 2017 há exemplos de estratégia e planificação a retirar e que podem ser válidos para todo o país. É reconhecido que o trabalho continuado ao longo dos anos e mandatos autárquicos, aliado a uma estratégia clara são ingredientes-chave para o sucesso.

A aposta no reforço e rede autárquica é basilar na estratégia de crescimento do CDS, juntando todos aqueles que, enquanto militantes ou independentes, defendem as bandeiras do Partido.

A ideia de organização do Partido também está vertida na moção, constituindo um contributo fundamentado na experiência de muitos anos de militância e labor, e que dá mais um passo rumo ao futuro na sequência da moção que a Distrital já tinha apresentado no último congresso, de que realço a criação do “Gabinete de Apoio e Acolhimento ao Militante”, o qual tenho a honra de dirigir.

Para atingir melhores resultados não podemos apostar nas receitas falhadas. É nesse sentido que concebemos um novo modelo de organização, com objectivos específicos para cada estrutura, responsabilização e um apoio personalizado por parte de dirigentes nacionais nas áreas da organização, implantação e malha autárquica.

O Partido tem de adaptar a sua estrutura à semelhança de uma empresa, de modo a que atinga uma dimensão igual à dos seus líderes. É nesse sentido que não devemos descurar as transformações que a nova era digital tem nas relações em sociedade e com a política, uma 4ª revolução industrial em que o cidadão é um agente activo que quer participar na decisão, e não um agente passivo que acata decisões dos seus representantes sem as questionar. Inauguramos a militância digital (sem relegar os meios e suportes tradicionais) para a aproximação das pessoas com a realidade e no acesso à democracia, num exercício mais livre e directo.

Realço também o pragmatismo das moções sectoriais, abundantes em respostas práticas, exequíveis e urgentes em inúmeras matérias como a “Europa” pelo Nuno Melo, o “Território” por Pedro Mota Soares ou a “Educação” por Ana Rita Bessa.

Nesta legislatura, face ao crescente esquerdismo do PS, amparado por ortodoxos e radicais comunistas, o CDS foi, desde o primeiro momento, à luta para a construção de um projecto político alternativo e afirmou-se como um partido de oposição responsável, nunca deixando de contribuir com propostas que, permanente e intencionalmente, foram chumbadas pela esquerda, na Assembleia da República (também eles sabem quem temer!).

Estou seguro que este Congresso será marcado pela união e determinação em enfrentar os novos desafios que se colocam perante o partido. Continuaremos a ser uma força ponderada, humanista, pró-europeia, defensora dos cidadãos e da livre iniciativa e, consequentemente, a primeira linha de barragem aos populismos que assolam a Europa.

E será imbuído desse espírito que concorreremos com listas próprias às próximas eleições Europeias e Legislativas. Demonstrámos que estamos aptos para executar e não apenas propor.

Temos uma oportunidade única, com uma Esquerda alinhada mas frágil nos seus acordos e, ao centro direita, com o CDS a liderar de forma sólida e sustentada.

Queremos ser decisivos e representar todos os que não se revêem no socialismo. Ambicionamos ser a primeira escolha dos eleitores de centro-direita e afirmar, no País e no partido, um efectivo Compromisso de Gerações!

Presidente da Concelhia de Lisboa e subscritor da moção «Portugal: Compromisso de Gerações»