Foi o que de essencial saiu do encontro de ontem entre António Costa e o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães. A cimeira acabou sem que o Primeiro-Ministro fosse capaz de pedir desculpa por ter chamado cobardes aos médicos. À saída, o Dr. Miguel Guimarães confirmou que Costa tem um caso agudo de não-consegue-pedir-desculpatite, agravado por uma situação crónica de nunca-assume-responsabilidadeiose. Ainda segundo o clínico, trata-se de um caso grave, mas longe de ser único, pois estas maleitas propagam-se com especial facilidade de Primeiro-Ministro socialista para Primeiro-Ministro socialista. Aliás, não é por acaso que, além do ditado popular “De médico e de louco todos temos um pouco”, há também aquele outro: “De acintoso e de mal-educado Sócrates e Costa têm um bom bocado”.

O máximo de simpatia que o Primeiro-Ministro conseguiu demonstrar pelos médicos foi dar-lhes uma palavra de “apreço”. Não sei o que os médicos acharam, mas desconfio que soube a pouco. Digamos que não terá sido o “apreço” certo. A ideia que dá é que António Costa estava como que na montra final d’ “O Apreço Certo”. Ali, à frente de todos os jornalistas, podia avançar com o apreço que quisesse. Calculou quanto apreço devia demonstrar pelos clínicos e acabou por pecar por defeito, mandando o bastonário da Ordem dos Médicos para casa com uma mísera justificação de que tudo não passou de um “mal-entendido”. O bastonário merecia levar, pelo menos, a máquina de lavar-louça, Sr. Primeiro-Ministro.

Eu, se fosse a António Costa, nos próximos tempos, arranjava forma de garantir que não me sentia indisposto em locais públicos. Se calha o Primeiro-Ministro passar mal e alguém lançar o tradicional apelo “Há algum médico na sala?”, ou muito me engano, ou só vão aparecer coloproctologistas, médicos-legistas, e aprendizes do Tiradentes, vindos directos do século XVIII e munidos dos seus fórceps e chaves de extracção. Que não faço ideia o que seja, mas soa a muito desagradável.

A propósito de desagradável, e de outras democracias robustas, o que também não deve ter sabido nada bem foi o que deram a ingerir ao líder da oposição russa, Alexei Navalny. Segundo o hospital alemão onde o opositor de Vladimir Putin está internado, Navalny foi envenenado. É que é preciso má vontade. Então agora, só porque se é odiado de morte pelo Putin, que tem por hábito envenenar quem quer que seja que tenha por ele um ódio de morte, quer logo dizer que se foi envenenado pelo Putin? Meus amigos, o que sucedeu foi muito simplesmente isto:

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Alexei Navalny: Cof, cof, cof!

Indivíduo Russo Inusitadamente Prestável: Que se passa Alexei?

Alexei Navalny: Cof, cof! Engasguei-me com um amendoim.

Indivíduo Russo Inusitadamente Prestável: Eh pá, Alexei, acho que estás é com COVID.

Alexei Navalny: Cof, cof! Nada disso. Foi mesmo uma alcagoita.

Indivíduo Russo Inusitadamente Prestável: Não, não, Alexei, é melhor tomares isto.

Alexei Navalny: Cof! Do que se trata, Indivíduo Russo Inusitadamente Prestável?

Indivíduo Russo Inusitadamente Prestável: É a nossa nova vacina para o coronavírus.

Alexei Navalny: Cof! Num copo alto?

Indivíduo Russo Inusitadamente Prestável: Sim, sim. Bebe, Alexei, bebe. São 179 doses, só para garantir. Vais ver que nunca mais nenhum bicho te pega.

Para terminar num registo mais positivo e de esperança, uma campanha publicitária recente lembra-nos que, em 2050, os oceanos terão mais plástico que peixe. Admito que talvez não seja o ideal em termos do ambiente e não sei quê mais, mas se aproveitássemos a plastificação do oceano para alcatroarmos também as praias, a verdade é que dizíamos “adeusinho” àquela chatice de voltar para o carro com os pés cheios de areia.