Uma das grandes questões que sempre se colocaram é porque razão uns países são desenvolvidos e outros não. Atualmente os países mais pobres estão localizados maioritariamente na África Subsariana e no Médio Oriente. O que de facto não está explícito é a origem dessas diferenças de desenvolvimento.

Peguemos por exemplo no caso do Continente Americano. Nos dias de hoje notamos que os países da América do Norte nomeadamente os Estados Unidos e Canadá são substancialmente mais desenvolvidos que os seus vizinhos da América do Sul. E isto deve-se ao quê concretamente?

Não a questões geográficas ou culturais como muitas vezes é apregoado, mas sim ao cerne da política colonial que estes locais foram sujeitos. Como é sabido, a colonização de maior parte da América do Sul ficou a cargo do Império Espanhol enquanto a América do Norte ficou a cargo do Império Inglês. O que vemos neste caso é que as políticas de colonização de Espanha se basearam na exploração dos nativos e dos recursos preciosos existentes na região. Mesmo após a descolonização estes países seguiram o caminho do autoritarismo, baseados no paradigma anteriormente existente. Já no caso da América do Norte houve a formação de povoados com relativos direitos de propriedade e instituições políticas, onde havia maior liberdade e influencia política por parte do cidadão comum, levando posteriormente á formação de estados com valores democráticos. Assim chegamos a uma realidade, em que as diferenças políticasómicas tiveram a sua origem nos tipos de colonização que surgiram nos diversos locais.

A Revolução Industrial no século XVIII foi um fenómeno que se iniciou na Inglaterra. Aliada á inovação tecnológica e à industrialização, para a época a Inglaterra beneficiava de instituições relativamente pluralistas e liberalistas, com a existência de um parlamento que controlava as decisões do monarca. Além disso, possuía um sistema bancário revolucionário em que qualquer indivíduo poderia obter um empréstimo e registar as suas patentes.

Todo o resto da Europa, dominada por Monarquias Absolutistas atrasou-se no comboio da inovação. Por os monarcas interpretarem estas mudanças como uma ameaça ao seu poder, abnegaram a inovação e a melhoria do padrão de vida dos seus súbditos. Claro que o crescimento económico é possível em regimes autoritários. Por exemplo, a União Soviética em largos períodos registou crescimento económico. Mas este crescimento é em si limitado. Em primeiro lugar, os dividendos deste crescimento são apenas aproveitados por uma pequena elite, fazendo assim com que a população em geral perca o interesse em ser mais pró-ativa e rentável. Em segundo lugar, a inovação tecnológica é altamente controlada neste tipo de regimes.

Por conseguinte, qualquer crescimento económico sustentável só é possível com base em instituições políticas e económicas liberais, em que a inovação tecnológica seja bem recebida e também que seja conferido aos indivíduos o direito á propriedade e a oportunidades de mercado.

Um dos casos mais contrastantes é a Península da Coreia. Após a divisão desta península em dois blocos, estes seguiram caminhos completamente opostos. A Coreia do Norte apoiada pelo bloco comunista, criou um estado autoritário com severas restrições à liberdade individual, política e económica em que todos os aspetos da sociedade são regulados pelo Estado. Isto originou um fraco desenvolvimento económico e humano. Já os seus vizinhos do Sul adotaram instituições políticas e económicas completamente antagonistas, resultando assim num crescimento económico exponencial inaudito. Para países que partilham da mesma geografia e inicialmente da mesma cultura, o resultado não poderá ser mais esclarecedor. São o tipo de políticas adotadas que principalmente dita o nível económico dos mesmos, mais do que quaisquer outros fatores.

Com todos estes factos chegamos a uma conclusão. Regimes políticos autocratas e absolutistas tendem a recusar a inovação e a mudança, temendo que o seu poder seja ameaçado. Deste modo eliminam qualquer hipótese de existência de uma economia competitiva, capaz de responder aos desafios existentes. Assim, a riqueza vem das instituições políticas e económicas que permitem uma sociedade pluralista que consiga aproveitar todos os benefícios da liberdade individual e económica.

“The more the state “plans” the more difficult planning becomes for the individual.”
Frederik Hayek

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