Um cidadão vulgar, persistentemente assediado por informação invasiva – por vezes algo insidiosa – acaba incomodado, pensando com seu pensar corriqueiro no Brexit, no Mundo, na Europa e suas interligações organizacionais que, “à la Palice”, lhe parecem carecer de reajustamento postulado pela mudança do condicionalismo hodierno.
Debruçam-se e cuidam os Políticos do remédio?
Afigura-se-me que tanto os bons como os maus – que os há!… – Têm de trabalhar mais e melhor, subordinando o pendor partidário e pessoal à prossecução do bem comum, que está a exigir a sua intervenção quer na ONU, quer na Comunidade Europeia, com vista ao ajustamento de alguns dos seus princípios e meios à mudança radical da realidade que se impôs.
A globalização, que se instalou, sem princípios regimentais, veio para ficar; e, ao estreitar o relacionamento mundial, despoletou as tentativas dos pesos pesados – Blocos ou Países como os EUA, a China ou a Rússia – de afirmarem seus interesses interesseiros, à margem do bom relacionamento global, e de afirmarem o seu poder assumindo posições dominantes.
A afirmação gradual do interesse económico-financeiro prepondera, com indiferença total pelas exigências da natureza e do bem estar social.
O desmedido crescimento da natalidade associou-se, no plano individual, ao referido interesse económico-financeiro e transformou-o em valor contraditando o sentido da justa valoração.
E o mau caminho trilhado foi paulatinamente estragando o mundo, conspurcando-o com detritos perduráveis, afetando os oceanos e o ar que respiramos, matando o verde e (quanto aos animais que vieram ao mundo para nele viverem connosco) encolhendo-lhes drasticamente o habitat e, com interesse soez, reduzindo-os à expressão mais simples. Talvez que qualquer dia o próprio burro seja um exemplar do passado!…
Quer dizer, crescemos arruinando o mundo, a pensar em nós, sem consideração pelo futuro.
Dizem os cientistas – claro que sob controlo apertado da sua divulgação – que, a menos que haja uma inversão dos erros que se vêm cometendo, o Mundo sofrerá – a prazo já não muito distante – modificações que comprometerão a vida da humanidade.
Parece, pois, chegado o momento premente dos “Políticos” de cada País determinarem o que deve mudar para salvação do Mundo e preservação da nossa descendência; consagrando os pertinentes meios e compromissos assumidos na ONU.
E, se de novo nos centrarmos na globalização, reconheceremos que a Europa necessita da Comunidade Europeia coesa e solidária, fortemente irmanada nas suas decisões; o que talvez requeira o tratamento de alguns excessos, praticados com a finalidade de acelerar a sua evolução.
Quem a deseje tem de aceitar a realidade atual: um conjunto de Nações que delimitam a sua independência na celebração de acordos, com vista à constituição de um bloco comunitário.
Ora este bloco necessita manifestamente da Inglaterra e, de igual sorte, esta necessita da Comunidade Europeia.
Na globalização, a Inglaterra que sozinha pesará com insuficiência, não negociará com “Outrem” com mais desenvoltura, força e bons resultados, do que com a Comunidade Europeia.
Por outro lado, parece, hoje em dia, insofismável, que o referendo realizado enfermou de erros gravíssimos que não evidenciaram, aos votantes aspetos essenciais da realidade. Nestas condições, a subordinação indeclinável dos interesses dos “Políticos” ao bem superior da Nação e do bem comum, deve conduzi-los à realização de uma nova consulta, imbuída de informação correta. E a Comunidade Europeia deve aceitá-la, mesmo que tenha de regimentalmente introduzir alterações que a permitam.
As situações descritas defrontam os “Políticos” com uma tarefa de gravidade impar e incomensurável urgência.
Ora, mesmo quando pensamos no mais simples – o relacionamento entre a Comunidade Europeia e a Inglaterra – continuamos a assistir à passividade desgastando a esperança do mais elementar bom senso. A ameaça da asneira deixa-nos siderados e parece justificar interrogação.
Afinal o que é feito da “Política” e dos Políticos”? Perderam-se, perdendo a garra?
A. Cruz Gomes é advogado