Tenho para mim que no espírito de todos os Portugueses se penetra por vezes um lusopessimismo, isto é, a ideia que a Pátria não terá um futuro risonho pela frente e que os  negócios públicos irão correr mal. Apesar de ser uma inferência lógico-dedutiva quiçá  falaciosa, tem sido pelo menos até aqui a forma como a opinião pública se expressa do estado  da nossa economia e das finanças públicas…. Será esta doutrina presentemente aceitável?

Desde os tempos da famigerada troika, que muito mudou em Portugal. Em primeiro lugar, a mentalidade da classe política. E em segundo lugar, a fome dos Portugueses. Se os  primeiros perceberam que o despesismo público pode dar um péssimo resultado, os  segundos não querem voltar a “passar fome”. E isso tem levado a que se implante no  Ministério da Economia e no Ministério das Finanças a ideia de que a economia tem de  crescer, a dívida emagrecer, e a despesa se conter. O resultado é pela primeira vez bastante  satisfatório. Se de um lado temos uma economia em expansão, do outro temos um saldo orçamental positivo e uma dívida pública abaixo dos cem por cento do PIB! Ora perante  isto, não só revelámos termos sido muito bons alunos da troika, como também fiéis seguidores da sua doutrina, o que configura a situação presente como um marco na história da III República, pois pela primeira vez invertemos as tendências viciosas do regime. Mas e  agora, que futuro?

Considero que tendo atingido este marco há que reflectir e projectar o tempo que  virá. Exigir que a economia cresça com mais vigor, que se invista com cautela, e que se pague  o que se deve. Na esteira da aprovação de um novo orçamento para o Estado em que é que  tal se deve traduzir? Na redução sem medo do IRC e da derrama estadual, no apoio à  concessão de crédito às PME´s, em investimentos públicos cirúrgicos, e no abate do peso  morto que são os juros da dívida. No entanto, com grande pena minha, estando uma minoria  política no governo, ainda não será neste orçamento que podemos catapultar a economia,  mas também não será nele que se inverterá o ciclo. Por isso, por ora, a bem da nação há que  manter o que de bom vem detrás e logo que possível projectar um futuro bastante melhor  que o presente. Não obstante, há que celebrar este marco no regime de Abril. Partimos da  desventura do défice e da dívida, mas alcançamos de forma galopante o pódio dos alunos de  mérito da troika. Parabéns a todos nós.

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