A história da nação é repleta de injustiças, assassinatos de carácter e bodes expiatórios. Passos Coelho foi a vítima da nossa história recente: é a causa de todos os males e o motivo de todos os vícios.  Há que defender os injustiçados!

Como sobre este assunto o que mais existe são prolixos e textos de índole saudosista vamos procurar atender aos factos porque são eles que nos devem auxiliar a formar um juízo, e não pelo contrário, as nossas meras percepções e visões, ou seja, as sombras da fogueira que se projectam nas paredes da caverna em que estamos inseridos…. Qual era afinal o Estado da Nação em 2011? Procuro de seguida, de forma sucinta evidenciar.

O estado do Estado era do pior que se poderia imaginar. Ajoelhado perante os credores e desdenhado na cena internacional, com um défice das Administrações Públicas em % do PIB a rondar os 7,7%, as taxas de rendibilidade de obrigações do tesouro 10,2%, a dívida pública em % do PIB cerca de 114,4%, a taxa de crescimento do PIB negativa, em cerca -1,70%, a inflação nos 3,7%, e o saldo da balança comercial em % do PIB também negativo, nos -3,7%. E, como se o estado das coisas não fosse já de si caótico, a taxa de desemprego rondava os 13,4%. Foi assim que José Sócrates entregou o País a Pedro Passos Coelho: completamente destruído e a mendigar a ajuda externa. Perante isto, nenhum político no seu perfeito juízo quereria governar e muito menos chefiar um governo uma vez que a morte política seria certa e breve. Mas, houve um homem que ainda assim, apesar de avizinhar como muito árdua a sua tarefa, não desistiu e tomou posse como Primeiro-Ministro. E ainda bem que o fez!

Após ter tomado posse, naturalmente que haveria muito para fazer, e o mais essencial seria fazer cumprir as exigências dos credores para não sermos apelidados além de Estado falido, como Estado caloteiro que não cumpre com as exigências das obrigações que assumiu. E essa tarefa foi herculeamente cumprida com o esforço colectivo de todos os Portugueses. Cortou-se desde logo na despesa, mas não de uma forma abrupta como se quer fazer passar, sendo que, de 2011 para 2012, a despesa das Administrações Públicas em % do PIB caiu de 50% para 48,9%. Mas neste corte, note-se no entanto, que analisando rubrica a rubrica, o Estado não deixou de cumprir a sua função social, dado que as despesas com a protecção social aumentaram de 18% para 18,5%. Aliás, ao contrário daquilo que se diz também, as receitas das AP em % do PIB de 2011 para 2012 apenas aumentaram por via de receitas de capital, isto é, pela venda de activos financeiros por parte do Estado, e não, pelo contrário através daquilo que  é referido: pelo um aumento desenfreado da carga fiscal. Tal não tem qualquer respaldo nos números! E terá sido por este motivo que o défice melhorou apenas coisa pouca passando de -7,7% para -6,2%. É por isso, manifestamente notório que sobre este período o que mais se disse foram mentiras, pois uma análise cuidada dos dados não dá procedência às narrativas da esquerda inflamadora. Enfim, prosseguindo, vamos de seguida analisar um outro indicador importante, o coeficiente de Gini, para também aferir se é ou não verdade que Passos Coelho promoveu a desigualdade em Portugal. Ora quando tomou posse, o valor deste coeficiente rondava os 34,5%, e no ano seguinte, 2012, decaía logo para 34,2%. Vejam bem o que o “perigoso neoliberal” fez quando tomou conta do País entre 2011-2015… O valor que aliás foi entregue a António Costa, em 2015, rondava os 33,9%. Por isso claramente que o argumento que Passos Coelho promoveu a desigualdade social porque delapidou os pobres e protegeu os ricos não procede, os números não coincidem com essa tese falaciosa. Todavia, como nós não camuflamos a realidade, sabemos bem que foi durante o governo de Passos Coelho que a taxa de desemprego atingiu o pico de 17,1%. Contudo, temos em crer que quanto a isso pouco podia fazer o governo. A economia não é centralizada, e o mercado é livre. Aquilo que havia a ser feito foi feito, isto é, o Estado financiou o subsídio de desemprego dos Portugueses que se viram colocados nessa situação precária.

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Agora, já em jeito de conclusão, como é que os socialistas voltaram a receber o País outrora falido? Passo a explicitar: desde logo sem Troika e, por conseguinte, com soberania financeira. Depois com umas taxas de juro dos títulos da divida pública a rondar apenas os 2,4%. Portanto apesar de uma divida maior, uma vez que rondava 131,2% esta era menos pesada para Orçamento do Estado, em relação ao tempo em que os “perigosos neoliberais” tomaram posse. Além disso, o défice das AP apenas rondava os -4,4%, e o PIB já crescia 1,79%, tendo sido também invertida a tendência deficitária da balança comercial, passando esta a ser excedentária, em cerca de 1,4%. E, para finalizar, a inflação caia para apenas meio ponto percentual. Passos Coelho entregou assim o carro que recebeu da sucata, com motor, chassis e rodas novas, sendo só necessário por ora em diante fazer a manutenção periódica.

Em suma, para mim é absolutamente claro que a minha dívida enquanto jovem para com Passos Coelho é enorme. Foi ele e só ele que contra tudo e todos não desistiu da pátria, nem do futuro das próximas gerações. Foi ele e só ele que contra tudo e contra todos, devolveu a dignidade à cidadania portuguesa. Ser bom aluno da troika não é motivo de vergonha, é motivo de orgulho. Tirar um País do charco e devolver-lhe esperança é um feito que poucos homens na sua vida conseguirão alcançar. Por tudo isto, obrigado Sr. Professor!

Nota: A fonte dos dados consultados é o PORDATA.