Perguntavam-me no outro dia qual a razão pela qual os estrangeiros gostam tanto de vir estudar para Portugal. Deve haver uma razão porquanto não temos os campus universitários que há lá fora, os relvados, o espaço, os dormitórios, os jogos, e, all in all, a vida académica como a conhecemos nos EUA ou no UK.
Claro que não temos tudo isto e, tirando umas honrosas exceções, os nossos campus são citadinos e/ou aproveitados de edifícios existentes e/ou bem mais pequenos e menos impactantes em tudo quando comparados com os do exterior.
Porém, temos encantos que outros não têm. E temos uma boa dose de humanismo.
O primeiro desses encantos é que para um estudante europeu a vida continua a ser barata. Quarto ou casa, alimentação, transportes e tudo o resto que poderão querer fazer e a vida é substancialmente em conta.
O segundo motivo é que somos um país seguro. Em qualquer cidade ou fora delas.
O terceiro motivo é porque temos um clima simpático. Quantas são as horas de sol por ano? Contem-nas por favor.
O quarto motivo, e não menos importante, é que estamos próximos de tudo e a 2-3 horas das capitais europeias de avião.
Mas tudo isto já existia há uns anos e estas escolhas por Portugal não eram óbvias. Verdade.
Somos hoje muito mais cosmopolitas, mais desenvolvidos e sempre fomos hospitaleiros para quem vem de fora. Mais, falamos hoje inglês como nenhum outro povo do centro-sul da Europa com condições de clima idênticas às nossas. Um plus nada despiciendo.
Porém, e além de tudo isto, as nossas universidades têm feito um trabalho fantástico de projeção internacional. Não são mais as universidades que não se veem nos rankings, que são desconhecidas de todos, onde não se aparece em research, em programas ou em formatos e conteúdos de ensino. Pelo contrário. Preparamos bem, temos práticas state-of-art e conseguimos entregar bem e em inglês.
Tudo somado, e não é por se dizer que Lisboa está na moda porquanto outras cidades portuguesas recebem milhares de estrangeiros para estudar, a verdade é que Portugal oferece muito. Mas mais que tudo, minha opinião, oferecemos um conjunto de opções credíveis, acreditadas, sérias e de muito bom ensino.
Digo isto, e repito esta mensagem ad nauseam. As empresas, há uns anos, queixavam-se de que as universidades estavam longe delas. Ainda vai havendo uns resquícios deste discurso. A verdade é que formámos tantos portugueses bons que emigraram e que foram e são escolhidos pelas melhores empresas do mundo que já não temos dúvida de que o trabalho que está a ser feito nas nossas universidades, está a ser muito bem feito. Tem que abranger mais e mais áreas para além das tradicionais gestão, economia e engenharias. E tem que ir mais longe no esforço das formações de executivos a nível internacional. Porém, e é bom que se diga em abono da verdade, o que fazemos em Portugal em formação superior é de classe mundial. Somos hoje um cluster incontornável de ensino superior ao nível europeu e global.
Ao contrário de algumas áreas onde se sabe que não estamos bem, oiço um barulho ensurdecedor sobre os resultados que vamos todos obtendo no ensino superior. Barulho esse que ecoa para lá do que são as pálidas fronteiras do nosso país, e ainda bem. E mais, para além de passarmos conhecimento somos igualmente capazes de passar proximidade, construir relações e ter aproximações verdadeiramente humanas. Não sei se é da nossa cultura judaico-cristã. Mas que passamos conteúdos em mensagens humanizadas, não tenho qualquer dúvida.
Recorro à Cecília Meireles numa frase que é para mim inspiração para acabar este texto: “A principal tarefa da educação moderna não é somente alfabetizar, mas humanizar criaturas.” E o que estamos a fazer com a nossa acessibilidade, o nosso bem receber, o sabermos falar inglês, a nossa restauração, bares e noite, a nossa segurança e clima, a nossa proximidade é, claro está, oferecer um sentido humano, uma experiência diferente, aos vários participantes que vêm de todos os lados do mundo. Que vêm a Portugal porque somos também, ainda e felizmente, um país com uma educação humanizada.