Duas ou três coisas muito simples que, presumo, não oferecerão dúvidas e divergências de opinião de palmo. Primeira questão, quem é que tem mandado em Portugal nos últimos 50 anos? Parece-me que ninguém duvidará que foram os dois maiores partidos, o PS e o PSD, o chamado ‘grande centrão’, mandando ora um ora outro, em alternância, numa espécie de baile mandado, ora agora mandas tu, ora agora mando eu, mas mais eu do que tu, sendo que este “eu” quer dizer PS, porque, como é sabido, é o partido da mãozinha que, contas feitas, durante mais tempo tem vindo a ocupar o poder em Portugal.
A segunda questão, que não será tão linear como a primeira e suscitará mais divergências, consoante for a visão das cores políticas dos partidários das duas agremiações, é a seguinte: e qual dos dois partidos ‘mandou’ melhor? Eu falo por mim, e acho que ambos ‘mandaram’ mal, poucas dúvidas tenho de que nem os governos do PSD nem os do PS estiveram à altura dos desafios do país, o primeiro dos quais era e é a urgência de se ter gente competente e empenhada que queira disponibilizar-se ao serviço patriótico da governação, que dê tudo de si própria em prol de Portugal e dos portugueses, que tudo faça para que, com visão no futuro, possamos avançar sem sobressaltos de maior e não nos deixarmos ultrapassar por países ainda mais pobres e que só bastante tempo depois de nós o termos feito se iniciaram na corrida do desenvolvimento.
Tanto o partido socialista como o partido social democrata não escondem ao que vêm, o que verdadeiramente ambicionam é, acima de tudo, o exercício do poder pelo poder, para que dele se possam servir em proveito próprio e satisfazer interesses clientelares.
Quer uns quer outros apenas se limitaram a gerir a coisa pública, sem um rasgo de fulgor e novidade; ainda assim, por considerar ser da mais elementar justiça, terei de destacar, pela positiva, os governos de Cavaco Silva e de Passos Coelho, que não tendo sido nada do outro mundo em eficácia e ficado aquém das expectativas do muito que Portugal urgentemente precisa, ainda assim, quer um quer outro, embora em situações diferentes, lá acabaram por fazer algo de positivo para o bem comum: com os muito generosos milhares de milhões de euros dos fundos de coesão de Bruxelas, os governos de Cavaco Silva cobriram o país de uma eficiente e há muito reclamada rede de autoestradas, encurtando distâncias e aproximando as pessoas, e Passos Coelho, com um governo de combate, executou, com estoicismo e muita incompreensão, o severo programa que nos havia sido imposto pela ‘troika’, para que, com sangue, suor e lágrimas, pudéssemos conseguir sair do fundo poço da bancarrota socialista, mais uma, em que José Sócrates, por manifesta incompetência e irresponsabilidade, nos havia afundado.
Relativamente à terceira questão, para quando o lançamento das reformas de que o país precisa como de pão para a boca, não tenho quaisquer ilusões de que já cá não estarei se algum dia elas vierem a sair da gaveta e a ver a luz do dia.
É sabido como os maus e medíocres governantes abominam fazer reformas porque, sendo os resultados delas apenas perceptíveis a médio e longo prazo, logo de efeitos políticos não imediatistas e palpáveis para satisfazer ansiosas e insaciáveis clientelas políticas, e sendo, além disso, os seus resultados incertos que lhes podem muito bem fazer perder o poder, que é aquilo que mais temem, outro remédio não lhes resta, para se manterem à tona, do que agarrarem-se com unhas e dentes e com tudo o que podem, com as armas que têm à mão e as que vão buscar aos alçapões ardilosos da imaginação, sejam elas apenas fogachos ridículos e aberrantes, sejam as armas sujas da mentira, da insídia, do enviesamento e do ardil, como que para comprovar o velho conceito que diz que “em política vale tudo”.
O retrato disto foi o que agora aconteceu com a rusga da polícia no Martim Moniz. Com os partidos e as pessoas de esquerda e da extrema-esquerda à compita a ver qual deles ultrapassava o outro em ridículo, palermice, estupidez e falta de vergonha, e tudo isto com a conivência de uma comunicação social manipuladora e engajada à esquerda que, durante dias sucessivos, deu palco a este tipo de gente que, manifestamente, não gosta do seu país e tudo faz para que, mentindo e esforçando-se ao máximo para enganar as pessoas, não saiamos da cepa torta, pior, mergulhemos no lodaçal do quanto pior melhor porque é esta a sua génese, o caos é o desígnio desta gente, porque, ao cabo e ao resto, o caos do quanto pior melhor é a sua tábua de salvação, a sua única maneira de sobrevivência política.
Uma mera rusga policial, devidamente autorizada pela respectiva autoridade judicial, igual a tantas outras feitas noutros sítios, no país e no estrangeiro, aproveitada pelas forças de esquerda com a única e exclusiva intenção de manipular as pessoas, lançar a confusão, semear o caos, que é aquilo que elas melhor sabem fazer.
Uma simples acção policial, que apenas deveria ser vista como tal, mas porque fora feita numa rua onde a criminalidade e a insegurança têm vindo a aumentar como tortulhos em terreno alagadiço e é frequentada maioritariamente por imigrantes, logo as esquerdas, escandalizadas quais virgens ofendidas, de súbito, com a fulgência e a instantaneidade do relâmpago, intentam fazer daquilo seu cavalo de batalha com o propósito de, durante quanto mais tempo melhor, fazer títulos de jornais, não sair das televisões, desgastar o governo, fazer mossa na direita.
Fazendo-se as esquerdas esquecidas, ou querendo tomar-nos por tolos, de que nos governos do partido socialista, mais particularmente nos de António Costa, também havia rondas de igual quilate, como, por exemplo, a megaoperação que a PSP levou a cabo em 10 de Julho de 2022, no Cais do Sodré, em que foram encerrados vários estabelecimentos nocturnos e detidas sete pessoas, cindo das quais seguranças dos bares.
Mas a esquerda do quanto pior melhor é assim, está-lhe no sangue, faz parte do seu ADN. E agora que está dispensada de preocupar-se com a governança, foi apeada do poder por indecente e má figura, o cérebro desta gente maquina sucessivamente astúcias, manhas, ardis, estratagemas, tramas, subtilezas, o diabo a sete.
Desengane-se esta esquerda e a CS, que lhe dá palco e colinho, se acham que as pessoas são parvas e comem gelados com a testa. As pessoas já não se deixam enganar com duas cantigas, não comem gato por lebre, aprenderam a distinguir quem lhes quer passar a perna. Faz parte da aprendizagem da vida.
“Pode-se enganar todas as pessoas por algum tempo, e algumas pessoas todo o tempo, mas não se consegue enganar todas as pessoas por todo o tempo” – Abraham Lincoln.