Tomem lá uma anedota para descontrair. Conhecem a do cigano, do cavalo e da deputada municipal do PAN na Moita? É gira: a senhora do PAN criticou os maus-tratos dispensados aos cavalos por parte dos ciganos da região. A assembleia acusou a senhora de “xenofobia”. O PAN forçou-a a demitir-se. Os ciganos continuam a sobrecarregar os cavalos de trabalho e pancada. Os cavalos continuam a sofrer. O PAN continua a ser o partido que defende os bichos. E, desde que inspire uma boa indignação, a xenofobia tem costas largas.

Parecendo que não, até por causa do significado das palavras e doutras minudências, sempre é preferível que a xenofobia diga respeito à aversão a estrangeiros, e que os crimes não se castiguem ou perdoem de acordo com a “etnia” dos perpetradores. Os crimes variam. Os estrangeiros são os do costume. Chegam aí exaustos, desorientados, vindos de lugares remotos, exprimem-se em línguas diferentes, vestem roupas esquisitas, exibem costumes estranhos, interpelam transeuntes com pedidos inconvenientes, atafulham ruas e pracetas, vêem-se frequentemente explorados por gente sem escrúpulos e, de brinde, acabam insultados onde calha. Falo, é claro, dos turistas.

Há dias, a propósito do São João no Porto, o “Público” publicou um artigo acerca do São João no Porto. É um artigo preguiçoso e mal escrito, sem função ou tema, que se resume a meia dúzia de depoimentos de feirantes em volta das vendas e da “tradição”. Entre os feirantes, um vendedor de “pipocas vermelho garrido” queixa-se das modernices e, em particular, do turismo. O “Público” aproveitou a deixa e elevou o drama a título: “O São João do Porto já não é o que era? ‘Há turistas a mais’”.

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