A Federação Académica do Porto celebrou esta semana 33 anos. Ao soprar das velas, fazemos jus ao nosso desígnio e pedimos um único desejo “Por uma Prioridade na Educação”.
Infelizmente, o sistema educativo tem feito manchetes. A falta de estratégia no setor é gritante. Um dos sinais prende-se com o envelhecimento do corpo docente. O Conselho Nacional de Educação há muito tem vindo a diagnosticar este problema. Nos próximos sete anos, o ensino público poderá perder, por motivo de aposentação, 19479 docentes!
Os últimos anos levaram à construção de uma imagem social da profissão que afastou os jovens deste ramo. A nossa memória retém os baixos salários, a instabilidade e a dicotomia na sala de aula sobre o poder do professor e dos pais, que abriram muitos telejornais perante a inércia de sucessivos governos.
Também as Universidades e os Politécnicos terão que se preparar para responder a este desafio. A tutela deu recentemente indicações para aumentar as vagas nas licenciaturas em Educação Básica. Mas é igualmente obrigatório convencer as gerações jovens de que a profissão será mais atrativa e valorizada, para que as vagas não fiquem por preencher. Porque a pandemia relembrou a nobreza da profissão.
Por outro lado, o próprio modelo de formação inicial de professores deve ser alvo de debate académico. É preciso dar resposta às expectativas dos estudantes, que sentem falta de ir para o terreno, de praticar, atribuindo grande relevância à experiência de exercício profissional no contexto. E é assim que deve ser, tornando a escola um lugar de transformação social e de preparação para o futuro incerto e desconhecido.
Mas só conseguiremos formar mais professores com mais investimento no Superior. O subfinanciamento crónico reduziu recrutamentos, ao passo que o número de doutores sem perspetivas de trabalho digno na docência aumentou. A cultura de inovação na pedagogia permanece secundarizada na carreira docente, não sendo atribuída a mesma importância conferida à investigação. Hoje, o modelo one size fits all, passivo e expositivo é anacrónico e já não responde às necessidades do estudante do século XXI.
Um terço dos docentes que asseguram a formação inicial de futuros professores não tem formação no ramo educacional. Mas o problema é ainda maior. O envelhecimento do corpo docente no Superior agrava-se de ano para ano. O índice de envelhecimento cifrou-se em 223% em 2020, ou seja, a substituição geracional não está a ser assegurada.
As prioridades do país têm que estar vertidas nas escolhas orçamentais. Portugal precisa de decidir quanto quer investir, em particular, no Ensino Superior! Urge celebrar…