O governo conservador e reformista da Grécia, tenta e consegue, em grande medida, governar adequadamente um país, cuja população tem uma forte tendência anti-reformista. Mas, para fazer isso, teve que recorrer a algumas medidas duras. Uma delas foi a imposição de multa aos maiores de 60 anos que se recusassem a ser vacinados, apesar dos óbvios perigos dessa má escolha.

E aqui chegamos à atitude muitas vezes injustificadamente negativa de alguns cidadãos das gerações mais antigas de Gregos. Uma postura que levou em 2015 à tomada do poder pelos perigosos esquerdistas do SYRIZA e à ascensão da Aurora Dourada, um partido neonazi. A radicalização estava prestes a destruir o país, especialmente no primeiro semestre de 2015. E ainda assim, o partido de Yanis Varoufakis entrou no Parlamento nas eleições de Julho de 2019 com uma votação de 3,44%, que lhe deu nove mandatos parlamentares. É como se alguns eleitores gregos não tivessem entendido o que aconteceu e para onde o aventureirismo político conduziu o país, há alguns anos.

A convicção da maioria, aqui na Grécia, é que Deus nos ajudou e o SYRIZA e seus aliados (agora dissolvidos) não estavam no governo quando a pandemia chegou. O governo de Kyriakos Mitsotakis, evitando os grandes erros, conseguiu controlar a situação. No entanto, o país ainda enfrenta as reações de uma minoria, que, tendo aceitado a propaganda da extrema esquerda e da extrema direita, se recusa a ser vacinada. A boa notícia é que os jovens viraram as costas aos extremistas e estão com pressa para se vacinar, enquanto, em geral, a vacinação com a terceira dose dá mostras de estar a correr bem.

Na Grécia, depois da crise económica, que estourou em 2010, a população, vendo as mesmas pessoas que trouxeram os “memorandos da troika” para as suas vidas (por exemplo, o socialista George Papandreou), fica agora muito desconfiada. Isso torna o trabalho do governo e do Estado muito difícil. A população tem de estar convencida de tudo antes de consentir e isso, por vezes, torna-se muito difícil.Apesar da mudança de governo em 2019 ter restaurado a imagem da Grécia no exterior e acalmar os cidadãos gregos indignados com a anarquia que prevaleceu durante anos, ainda há um longo caminho a percorrer para restaurar a confiança no Estado.

Nos dias de hoje, a reforma é uma ferramenta de sobrevivência para as sociedades ocidentais. Todos na Europa precisam entender isso. É claro que, por sua vez, as lideranças políticas devem perceber a grande falta de legitimidade democrática e parar de tentar impor políticas às quais os Europeus se opõem. E aqui, um bom exemplo são as decisões inaceitáveis ​​na imigração, que têm um grande impacto na erosão da segurança de todos nós. Enfraquecer a União Europeia devido a más decisões seria a pior coisa que poderia acontecer no futuro.

Os Gregos são apoiantes dos ideais europeus, apesar do caminho perigoso que o SYRIZA tentou trilhar no referendo de 2015. Eles precisam de compreensão, mas também de governos que os escutem e não se limitem a reagir de forma esporádica à rejeição ou apoio.

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