Novas chantagens? Novos problemas? Até quando vamos tolerar os métodos turcos na Europa? Ninguém parece disposto a entrar numa discussão substantiva sobre o futuro da NATO.

Não há muito tempo, nem mesmo os alemães queriam discutir com seus parceiros europeus o relacionamento com Moscovo. Mas agora a dura realidade força a discussão, uma vez que a indústria alemã pode ficar sem energia e entrar em colapso. O que nos recusamos a enfrentar, encontramos mais tarde à nossa frente.

No caso da Turquia, temos muitos exemplos do passado. O que é importante sobre a NATO? Continuar a contar com o apoio da opinião pública dos estados que a compõem. Já se passaram 48 anos desde que a Turquia invadiu Chipre usando armamento da NATO. Desde então, a parte ocupada foi continuamente colonizada, enquanto seu património cultural foi destruído. A reação de Atenas em 1974 foi a retirada do braço militar da Aliança. Era algo que o povo grego, indignado, queria na época. A Grécia voltou a participar militarmente na Nato em 1980. Mas foi difícil, principalmente no início, restaurar a imagem da Aliança aos olhos dos Gregos. “CEE e NATO a mesma união”, foi o slogan antiocidental dos socialistas do PASOK nas eleições gregas de 1981. Os comunistas (KKE) na Grécia ainda falam assim.

A Aliança está a observar com profunda consternação a “barganha oriental” da Turquia pela adesão da Suécia e da Finlândia. E agora, há uma questão de valores. A Turquia é um país que ilegalmente e após uma invasão militar ocupa grande parte da República de Chipre (cerca de 36%), um país membro da União Europeia.

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Os turcos continuam a ameaçar a Grécia no mar Egeu e a estabilidade no sudeste da Europa. É um país que invade o Iraque e a Síria de quando em vez e tem más relações com todos os vizinhos. É um país que constantemente finge ser neutro, especialmente quando as apostas são altas. E neste país, cujo governo viola brutalmente os direitos humanos, a NATO dá direito à chantagem para a entrada de novos membros! As implicações morais e políticas para a coesão da Aliança a médio prazo serão grandes.

As incompatibilidades da Turquia com os outros países da NATO são óbvias. Hoje, Ancara está pedindo à Suécia e à Finlândia que entreguem fugitivos. Nos países europeus existem procedimentos institucionais para a extradição de pessoas. Os direitos humanos nos nossos estados são protegidos. O governo turco sabe disso, mas alguns deram-lhe o direito de impor sua vontade. E é justamente aí que está o problema.

Mas isso não é tudo. Alguns países da UE vendem sistemas de armas à Turquia que podem ser usados ​​contra os Gregos a qualquer momento. A única coisa que parece interessar a alguns é o lucro. É hora de nos perguntarmos como os valores da NATO serão protegidos.

Ninguém deve ser autorizado a corroê-los. Na Grécia nunca esqueceram António Figueira de Almeida, que lutou contra os Otomanos pela sua independência. Ele foi um grande Português, herói da Revolução Grega.

A luta pela liberdade continua e não há espaço para fazer descontos. A humanidade está assistindo. A NATO representa o Ocidente, representa a liberdade. Em breve chegará o momento em que a Aliança terá de tomar decisões difíceis em relação à Turquia.