Ao encetar a minha vida profissional como médica fiz o juramento de Hipócrates, que se iniciava com Prometo solenemente consagrar a minha vida ao serviço da Humanidade.
Pareceu-me na altura um pouco ambicioso imaginar que a minha humilde ação, que se faria através do atendimento de doentes, caso a caso, pudesse ser considerada um serviço à Humanidade. Mas cedo aprendi que assim É. Cada interação e doação do nosso saber, atenção e amor a uma pessoa que sofre é um ato de Humanidade. Cada ato, irrepetível, renovado e co-criado, faz de nós pessoas melhores, individual e coletivamente, e contribui para a transformação do mundo.
Mais tarde, alarguei horizontes com a possibilidade de intervenção a nível populacional, participando em diversas campanhas de prevenção no âmbito da minha especialidade, a cardiologia. Aprendi a dificuldade de conseguir a adesão dos media, meios privilegiados para transmitir de forma efetiva as mensagens a todos os portugueses, mesmo aos que habitam nos locais mais recônditos. E da árdua tarefa de obter patrocínios para conseguir criar e produzir materiais para essas campanhas, que eram depois distribuídos às rádios, televisões, jornais, outdoors. E da desilusão com o facto de que, pouco tempo depois de tanto esforço, tudo parecia esquecido, pela falta de repetição das mensagens de saúde em contraponto com as inserções publicitárias diariamente repetidas, por exemplo, pelas grandes empresas de géneros alimentares menos saudáveis.
Uma outra parte do juramento que fiz então, referia: Guardarei respeito absoluto pela Vida Humana desde o seu início, mesmo sob ameaça e não farei uso dos meus conhecimentos Médicos contra as leis da Humanidade.
Esta parte do juramento veio a mostrar-se um desafio cada vez maior para os médicos, como por exemplo no que concerne a questões da interrupção voluntária de gravidez, da procriação medicamente assistida (com geração de embriões que depois serão descartados) ou da eutanásia, e acabou por levar à sua reformulação. No entanto, são as atuais abordagens contra a pandemia de Covid-19 que estão a lançar a humanidade e os princípios éticos num precipício de difícil retorno, com a participação ativa de uns poucos médicos e o niilismo ou a passividade de quase todos os restantes, em contradição com os princípios da nossa profissão.
O governo de Portugal, assim como o da maioria dos países do mundo, optou desde cedo por uma estratégia de vacinação como a principal esperança e arma para debelar a pandemia por SARS-CoV-2, um vírus respiratório, mutante, como são os vírus de RNA, pertencente a uma espécie de coronavírus para qual nenhuma vacina teve anteriormente um desempenho seguro e eficaz.
As vacinas criadas em tempo recorde e com comercialização autorizada pelas principais agências internacionais do medicamento, apenas de forma condicional (ou para uso de emergência) por insuficiência de dados de eficácia e segurança, foram rapidamente produzidas e distribuídas à escala global.
Promovidas diariamente nos media como seguras e eficazes, as pessoas foram primeiro convidadas, depois coagidas e, em alguns estados, obrigadas a tomá-las, com metodologias equiparáveis em todo o mundo: divulgação massiva das supostas vantagens para a proteção individual, para a proteção de grupo, para a defesa da economia, da educação, para o retorno à vida normal; necessárias para a obtenção do certificado digital de vacinação, criado para se poder circular entre países, mas cujo âmbito se alargou para entrar em estabelecimentos comerciais, eventos (familiares, desportivos, culturais, profissionais), lares, hospitais, escolas. E em alguns países os abusos dos direitos e liberdades dos cidadãos chegaram mesmo à obrigatoriedade de injeções com estas vacinas.
Mas há diversas incongruências relativamente a estas vacinas, que apresentam graves lacunas na comprovação dos seus pressupostos científicos, se conjugadas com toda a pressão exercida sobre as pessoas para que as recebam.
Senão, vejamos:
As vacinas não são esterilizantes, não impedem o contágio nem a transmissão. Não conferem proteção de grupo, quando muito conferem proteção individual aos indivíduos de risco, para doença grave e morte por COVID-19. A eficácia das vacinas no que se refere aos títulos de anticorpos diminui muito rapidamente ao longo do tempo, em meses, e as novas variantes contribuem para o escape vacinal, ou seja, para a ineficácia das vacinas.
A imunidade induzida pelas vacinas é inferior à conferida pela infeção natural e as vantagens da vacinação de recuperados de infeção por SARS-CoV-2, além de cientificamente improvável, não foi demonstrada em estudos aleatorizados, não se compreendendo porque é efetuada a vacinação de pessoas que já sofreram a doença.
A tão apregoada segurança das vacinas, da forma como se entendeu a segurança de um medicamento até 2019, não existe. São vacinas particularmente mortíferas, uma mácula na história da medicina, que já devia ter levado, logo nos dois primeiros meses de aplicação, a uma interrupção dos programas de vacinação em humanos até um melhor esclarecimento científico dos motivos das muitas e variadas reações adversas graves e casos de morte que foram notificados às entidades reguladoras dos medicamentos, nomeadamente europeias e americanas.
Apesar dos números sem precedentes de reações adversas, não tem havido interesse das autoridades do medicamento em promover uma farmacovigilância ativa, ou em tornar obrigatória a notificação de mortes ocorridas nos primeiros 15 dias após vacinação, sobretudo nos grupos mais vulneráveis, como nos idosos e residentes em lares, em grávidas e em crianças. As autópsias de vacinados, que poderiam ajudar a compreender objetivamente o que se está a passar, são sistematicamente dispensadas.
Não há estudos em grávidas, nem em mães que amamentam, e no entanto, as autoridades de saúde recomendam a vacinação destes grupos, como segura e eficaz.
A Covid-19 é uma doença benigna nas crianças e jovens, e contudo, as vacinas, ainda sem estudos de segurança a longo prazo, conseguiram uma aprovação condicional nos EUA e UE para os maiores de 12 anos, e anuncia-se uma aprovação breve para os maiores de 5 anos.
Não há estudos sobre a interação medicamentosa das vacinas com outros medicamentos, entre os quais vacinas para outras patologias, e mesmo assim, pondera-se a administração conjunta com vacinas para a gripe; tome-se como exemplo Portugal, onde à falta de recomendação da Agência Europeia do Medicamento (EMA) a Direção-Geral da Saúde anuncia que espera uma posição da Organização Mundial da Saúde.
Ao contrário das doses adicionais para imunodeprimidos, as doses de reforço (terceira dose) não foram recomendadas pela EMA, por falta de evidência atual de eficácia (que poderá vir ainda a emergir) e por dados limitados de segurança, (um pequeno estudo que incluiu apenas pessoas dos 18 aos 55 anos). Apesar disso, as autoridades de saúde de Portugal apressaram-se a recomendar a dose de reforço para maiores de 65 anos.
As vacinas não são eficazes nem seguras, e ainda assim, Portugal, que se encontra entre os países com maior taxa de vacinação do mundo, para além dos 15 milhões de doses já administradas vai receber mais de 6 milhões ainda em 2021, para continuar a inocular a sua população.
Aos médicos e aos outros profissionais de saúde, os principais defensores da saúde das pessoas, muito raramente é dada oportunidade nos media para questionar a segurança e a eficácia das vacinas. Se o fazem em espaços públicos ou nas redes sociais são injuriados como negacionistas, obscurantistas, defensores de teorias da conspiração e, por vezes, as suas contas fechadas, os seus artigos recusados ou despublicados e até lhes são instaurados processos disciplinares.
Os jornalistas não fazem perguntas incómodas aos defensores destas terapêuticas biológicas em fase experimental para todos e os media repetem diariamente, desde há mais de um ano e meio, notícias que causam o medo sobre a pandemia e mensagens positivas e esperançosas sobre as vacinas. Colando-se à narrativa oficial promovida pelo poder político, dia após dia, conseguiram convencer as populações a aderir a programas de vacinação apesar das muitas questões de eficácia e segurança que se levantam. Mas não investiram tempo a divulgar medidas fundamentais de mudança de estilo de vida para prevenir um mau prognóstico perante uma infeção por SARS-CoV-2, como a redução do peso em excesso ou o controlo da tensão arterial, por exemplo. E em jeito de desabafo, como seria a realidade das doenças cardiovasculares, a principal causa de mortalidade em Portugal e no mundo, se diariamente lhes fosse dedicado o mesmo tempo pelos meios de comunicação social?
Não se pode deixar de perguntar: que intenso e especial interesse têm os governos e os media na promoção da vacinação para a COVID-19 e que não foi anteriormente manifestado para a promoção de abordagens para doenças crónicas muito devastadoras?
As pessoas que foram vítimas das reações adversas das vacinas e os seus familiares têm dificuldade em partilhar publicamente as suas perdas, serão porventura negacionistas se o tentarem fazer ou se se organizarem em associações de doentes, e os laboratórios farmacêuticos estão isentos de responsabilidades pelos danos causados às pessoas pela comercialização destes produtos biológicos ainda em fase experimental.
Com honrosas exceções, as sociedades científicas e associações profissionais renunciaram ao seu papel imparcial de investigação, de validação científica, de monitorização e de observatório de eventos clínicos, de formação médica, de emissão de recomendações para os profissionais de saúde, quando estes possam levar a ações e resultados contra a narrativa oficial pró-vacinal. No que à pandemia diz respeito, na sua maioria mais parecem fracos ecos de um som cuja origem não se discerne. O que leva a questionar sobre potenciais conflitos de interesses.
Os médicos que usam a própria cabeça para estudar, observar, refletir, decidir em função de cada caso e em função da própria experiência, que em vez de seguir cegamente normas incongruentes, e com inexistentes ou duvidosas bases científicas, seguem o princípio hipocrático que figura em todos os cartões da Ordem dos Médicos – A saúde do meu doente será a minha primeira preocupação – precisam medir muito bem os atos e as palavras para que não sejam caluniados, atacados na sua reputação ou lhes sejam suspensas as cédulas profissionais.
Por isso, neste artigo apenas se apresentam factos que atestam a incoerência de muitas medidas preconizadas e implementadas no conturbado período que atravessamos, para que cada um possa tirar as próprias conclusões.
Mas com mais convicção ainda do que naquele dia há 38 anos, reafirmo o juramento que fiz e convido todos os colegas a fazerem-no também, com consciência e coragem. Alguns talvez prefiram a versão mais recente donde destaco este excerto:
Não usarei os meus conhecimentos médicos para violar direitos humanos e liberdades civis, mesmo sob ameaça.