Há que reconhecer o mérito da imprensa quando denunciou os casos de pedofilia na Igreja católica. Embora essa sua iniciativa tenha sido muito humilhante e terrivelmente dolorosa para todos os fiéis, a acção dos meios de comunicação social, nomeadamente nos Estados Unidos da América, foi providencial para pôr termo ao escândalo do abuso de menores por membros do clero. Sem a revelação desses crimes, talvez não tivesse havido a coragem de cortar o mal pela raiz, porque também alguns membros da hierarquia foram cúmplices desses comportamentos, quer negligenciando a protecção devida às vítimas, quer encobrindo e favorecendo a impunidade dos abusadores. Se o caso não tivesse ganho, por via da sua mediatização, dimensão mundial, talvez não se tivessem posto todos os meios necessários para ultrapassar esta crise. Graças a Deus, bem como a São João Paulo II, Bento XVI e ao Papa Francisco, este escândalo está agora em vias de extinção, devido às normas entretanto emanadas da Santa Sé e em vigor em todas as dioceses e instituições católicas do mundo. Por virtude dessas medidas, a Igreja é, decerto, a instituição religiosa que mais protege os menores.
Se é verdade que aquela vergonhosa situação já está, felizmente, praticamente superada, ainda persiste, em alguns órgãos da comunicação social, uma preconceituosa desconfiança em relação à Igreja católica e aos seus ministros. É salutar que a imprensa se mantenha atenta em relação ao Cristianismo, bem como às outras religiões, mas não que promova uma inquisitorial perseguição do clero católico: uma nova ‘caça às bruxas’ em que, desta feita, as bruxas são os padres.
Um sacerdote infame não faz infames todos os membros do clero, como um político corrupto não faz corruptos todos os políticos. No caso Casa Pia foram condenados, entre outros, um conhecido jornalista, um provedor dessa instituição, um médico e um diplomata – nenhum sacerdote, por sinal! – mas não seria razoável considerar como suspeitos de pedofilia todos os jornalistas, provedores, médicos ou diplomatas.
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