Os cuidados primários de saúde em Loures enfrentam uma situação completamente catastrófica. Em Loures, existe uma abundância de USF’s modelo A, sendo poucas as que existem de modelo B, e inexistentes as de modelo C. Se à partida a ausência de médicos já é um problema transversal a qualquer concelho de norte a sul do país, ainda mais complicado fica quando temos uma abundância de USF’s modelo A, que não nos permite pagar mais de 2000€ por mês a um médico. Como deve um Estado dizer a um jovem que passou os últimos doze anos da sua vida a formar-se, que nada tem para lhe oferecer senão um emprego distante, por vezes, de sua casa e com um vencimento que não ultrapassa os 2000€? É precisamente por isto que o CDS-PP Loures defende uma revisão nas tabelas salariais dos profissionais de saúde, bem como defende um aumento de USF’s modelo B e a criação de, pelo menos, uma USF modelo C em regime de projecto piloto.

A par deste facto, importa ter em consideração as condições materiais dos edifícios dos centros de saúde. Em Loures, temos exemplos surreais, desde o Centro de Saúde de Sacavém onde chove no seu interior, até ao Centro de Saúde do Tojal, que fica numa vivenda antiga e sem quaisquer condições, em que a sala de espera é uma antiga paragem de autocarros, no seu exterior. Como é que pretendemos prestar bons cuidados de saúde enquanto estas forem as condições que temos para apresentar aos profissionais de saúde e aos utentes?

Neste momento, em Loures, existem 60 000 utentes sem médico de família, e a previsão é que, brevemente, este número ascenda aos 110 000 utentes nessas condições. Isto porque, são escassos os profissionais de saúde em Loures, e os que estão a exercer já se encontram próximos da idade da reforma. Desse modo, os centros de saúde vão perdendo profissionais para a reforma, não tendo capacidade de captar novos médicos devido à ausência de condições materiais e financeiras.

Corroborando estes factos, assistimos recentemente à extinção da Unidade de Saúde Familiar de Loures, que, passado uma década, não resistiu aos constantes atentados levados a cabo pela esquerda ao Serviço Nacional de Saúde. Ressalvo esta ideia: segundo os dados que nos foram fornecidos pelo Agrupamento de Centros de Saúde Loures-Odivelas, brevemente mais de 50% da população residente em Loures não terá médico de família. O CDS-PP Loures defende um serviço nacional de saúde universal e equitativo, que chegue a todos, célere e eficientemente, enquanto o Partido Socialista, que rasga as vestes pela igualdade e que se gaba de estar ao lado dos portugueses, é o primeiro a destruir o estado social e a virar as costas ao povo quando este mais precisa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Como se não bastassem os problemas nos cuidados primários de saúde, no final de 2021 e início de 2022 Marta Temido, então ministra da Saúde, decidiu colocar um ponto final, ao fim de 10 anos, à parceria público-privada com o Grupo Luz saúde no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures. Rapidamente se comprovou que esta decisão em nada teve haver com o facto de o hospital estar a ser bem ou mal gerido – pois estava a ser gerido de um modo exemplar –, teve sim a ver, única e exclusivamente, com o facto de Marta Temido não suportar observar um serviço de saúde a funcionar de modo competente sendo gerido por um grupo privado. Desde então, devido a uma decisão motivada por fetiches ideológicos, o Hospital de Loures imediatamente passou de ser um dos mais bem geridos do país, para um dos piores. Ao dia de hoje, temos pessoas a aguardar 12 horas para situações urgentes, e 17 horas para casos menos urgentes.

Mais recentemente, tivemos a infelicidade de assistir ao encerramento da especialidade de pediatria que, supostamente, se deve à estratégia de reorganização do serviço de urgência de pediatria na Região de Lisboa e Vale do Tejo, que pretende que esta especialidade funcione apenas entre as 9h e as 21h, de segunda-feira a sexta-feira, estando encerrada aos fins-de-semana. No meio deste turbilhão, a realidade é que não temos especialidade de pediatria em Loures. Manuel Pizarro, o nosso actual ministro da Saúde, mentiu, o Partido Socialista foi cúmplice, e quem paga são os lourenses. E digo sem receio que o Partido Socialista foi cúmplice, pois não é por agora virem a público dizer que querem um Hospital Beatriz Ângelo diferente que nos vamos esquecer que, na altura, estavam todos de mãos dadas com a ministra Marta Temido a aplaudir esta catastrófica decisão.

É triste saber que vivemos num país que concede melhores apoios e condições a quem quer matar uma vida e interromper voluntariamente a gravidez do que aqueles que concede aos pais durante o nascimento e acompanhamento dos seus filhos. Ao fim de um ano os resultados são claros: o Governo não se tem mostrado competente para gerir o hospital de Loures, tendo diminuído a qualidade do serviço e prejudicando, consequentemente, as pessoas residentes no concelho de Loures. A solução só pode ser uma: reverter a péssima decisão do Governo socialista e retomar a parceria público-privada no Hospital de Loures.

Neste momento, Loures é um concelho ligado às máquinas, mas ainda há tempo e esperança para mudar o nosso destino.