Começa-se finalmente a perceber porque é que o PS escolheu Marta Temido como cabeça de lista às Europeias. É pela forma como lidou com uma epidemia enquanto Ministra da Saúde. Depois das eleições regionais da Madeira, são já três fracassos desde que Pedro Nuno Santos é secretário-geral do partido. É óbvio que o PS está contaminado pelo vírus da derrota e só a experiência de Marta Temido pode ajudar a salvar os socialistas do Covid humano que é o seu líder. Julgo que a primeira medida que Temido vai aplicar a Pedro Nuno Santos é uma versão modificada do distanciamento social: o distanciamento da comunicação social, para evitar a transmissão. Nomeadamente, a transmissão de imagens da postura derrotista de PNS, não vá contaminar o resto da campanha.

As más-línguas (sempre essas marotas!) já começam a dizer que Pedro Nuno devia mudar de apelido e passar de Santos a Santinho, que é o que se diz a quem espirra quando está constipado. A diferença entre PNS e a Covid é que no Covid as máscaras vieram depois da doença se começar a espalhar. No caso de Pedro Nuno, a máscara é anterior. PNS usava-a antes de se candidatar à liderança, quando se disfarçou de jovem ambicioso e grande esperança da esquerda portuguesa. Está visto que era uma caraça.

A derrota deste fim-de-semana foi a pior de todas. Nas eleições dos Açores tinha a desculpa de ter chegado há pouco tempo e ainda não ter imposto o seu estilo. Nas legislativas tinha a desculpa de os portugueses estarem cansados de 8 anos de PS. Desta vez não pode alegar nenhum pretexto. Pelo contrário: depois de 50 anos de PSD, depois das trapalhadas jurídicas de Albuquerque, de todas as suspeitas criminais, depois de um início pouco auspicioso para Montenegro, Pedro Nuno consegue não ganhar as eleições. Com esta direcção do PS, um candidato como Cafôfo passa Cafofinho, porque não chateia os adversários.

Esta derrota é especialmente dura por ter acontecido agora. No mesmo fim-de-semana em que o Banco Alimentar conseguiu recolher 1700 toneladas de alimentos, Pedro Nuno Santos continua à míngua. Pelos vistos, o povo português não é assim tão generoso com quem passa necessidades. E Pedro Nuno passa-as, ao ponto do PS querer pedinchar à IL e ao CDS para o deixarem chegar ao Governo Regional. O que se compreende. Nenhum pai que já deixou entrar uma bola rematada pelo filho de 5 anos pode criticar esta forma de chegar à vitória.

Não era suposto acontecer isto. Pedro Nuno Santos devia ter começado logo a ganhar eleições. A comprovar a aura de vencedor com que chegou. Ainda antes de António Costa se demitir, já se falava no homem de São João da Madeira como o seu delfim, mas afinal Pedro Nuno Santos não mostra ter a habilidade de Costa. O que devia deixar a esquerda de atalaia em relação ao imposto sucessório de que tanto gostam: PNS era o herdeiro de Costa, mas no legado que recebeu ficaram-lhe com uma grande fatia do jeito para vencer. Os socialistas escolheram-no com a convicção que iam ficar a ganhar, mas na realidade ficaram foi a anhar. Mais uma eleição, mais uma derrota. E Pedro Nuno que prometia tanto. A desilusão é enorme. Parece que no Largo do Rato até já lhe dizem: “Messias? Já não vais?”

A imagem de Pedro Nuno Santos está marcada. Em três confrontos eleitorais, Pedro Nuno perdeu os três. Por muito que se tente, toda a gente sabe que é impossível dar a volta a isso.

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