Recapitulemos. Trata-se de um dirigente socialista que: garantiu que não precisávamos de pagar a dívida; foi ungido por José Sócrates e apoiou-o fervorosamente; decidiu, por alta recreação, o local do futuro aeroporto; por causa disso foi vexado pelo Primeiro-Ministro mas, apesar do enxovalho, optou por ficar no Governo; autorizou por WhatsApp uma indemnização milionária na TAP; esqueceu-se que o tinha feito; cujo secretário de Estado dispôs de um voo comercial da TAP para agradar politicamente ao Presidente da República; vendeu um carro de luxo para não estragar a imagem de esquerdista; foi Ministro das Infraestruturas e da Habitação numa altura em que essas duas funcionam particularmente mal. Apesar disto tudo, chega a líder do PS.

Mas há mais sobre Pedro Nuno Santos. À conta de uma investigação da PGR, conjugada com a vontade de António Costa arranjar um pretexto para se pisgar daqui, vaga o lugar de líder do PS mais cedo do que esperava. Mas não tão cedo ao ponto de o seu prévio afastamento do Governo lhe ter conferido uma renovada virgindade política. Entretanto, Medina tem medinho e avança Carneiro. PNS ganha facilmente e vai enfrentar Luís Montenegro, um líder do PSD que faz Luís Filipe Menezes parecer carismático.

Tudo isto significa apenas uma coisa: faça chuva ou faça sol, no próximo dia 10 de Março os eleitores devem dirigir-se às urnas e, independentemente de simpatias políticas ou pessoais, engolindo os sapos que forem necessários, só têm uma missão: votar em massa para eleger Pedro Nuno Santos.

Não há outra hipótese. Já viram a sorte dele? Não sou supersticioso, mas isto não é um político, é uma figa humana. Uma ferradura com barba. Um trevo de quatro patas de coelho. O nome completo do homem deve ser Pedro Nuno sob a protecção de todos os Santos. Parece aqueles desportistas que não falham. Está in the zone. On fire. Com um mijo impressionante. Portugal não pode desperdiçar esta oportunidade. Temos de nos colar a este bambúrrio. Não via uma vaca tão grande desde que a UCAL fez uma campanha publicitária com um dirigível em forma de bovino.

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Se Portugal fosse um casino, PNS já tinha sido convidado a sair. É que parece mesmo que está a jogar numa roleta só com números vermelhos. Aposto que, quando está a ver os amigos jogarem ao Monopólio (ele não joga, por divergências ideológicas com o boneco da cartola), lhe estão sempre a pedir para soprar para os dados.

Saiu-nos a taluda. Na posse de um amuleto destes, o país pode abalançar-se a altos voos. Com um Pedro Nuno Santos ao pescoço de Portugal nada de mal nos vai acontecer. Suponhamos que, por absurdo, a Eslováquia se preparar para nos ultrapassar no PIB per capita enquanto PNS é Primeiro-Ministro. É certinho que vai levar com uma erupção vulcânica que a vai fazer retroceder décadas. (Sim, eu sei que a Eslováquia não tem vulcões, mas com o ranço de Pedro Nuno, nasce-lhe um de um dia para o outro).

Pedro Nuno Santos pode vir a ser as nossas cuecas da sorte. Quando for Primeiro-Ministro vamos descobrir que as coisas só correm bem com elas vestidas. Podem estar coçadas, um bocadinho sujas, até – o que se explica pelo susto quando António Costa se zangou por causa do aeroporto – mas nunca mais as vamos despir.

A candidatura de Pedro Nuno Santos nasceu com o rabo virado para a Lua. O que é uma dupla fortuna. Não só pelo posicionamento específico da parte anatómica em relação ao astro, mas também por se tratar de um parto bem sucedido. O que não é coisa pouca para o caos em que estão as maternidades do SNS – culpa de um Governo do qual, por uma sorte inacreditável, Pedro Nuno Santos se conseguiu libertar.