O futuro não é certo. Não.

E também não é físico. Não é material, mas pode ser palpável. Creio até que já o é.

Palpável? Não diria tanto, talvez táctil, se equacionarmos o número de vezes que fazemos ou decidimos com um dedo a escorregar num ecrã.

Esta vida digital, desmaterializada e descartável está a habituar-nos a ter tudo demasiado rápido. Diria mais: a sociedade está toda ela moldada pela internet e pelo que acontece nela. Chegamos a tudo e todos. Temos tudo sem ter nada. Há inclusivamente empresas, ou serão negócios?, que são o espelho disto mesmo. A Uber é a maior empresa de serviço de táxi o mundo, avaliada em 62.5 mil milhões de dólares não tem um único veículo. A Airbnb, uma das referências no sector turístico, não tem um único apartamento. Não vale tanto com a Uber, mas 25.5 mil milhões é qualquer coisa. 25.5 mil milhões de coisa nenhuma! O que dizer então do Facebook? 245 mil milhões é quanto vale a maior fornecedora de conteúdos do mundo. E quem os produz? Nós.

A informação chega a tudo a todos através dos nosso “devices”, carregados de tecnologia e de incertezas. A esta evolução tecnológica que assistimos, há que somar a transformação profunda que a economia atravessa. Há que somar também mais incerteza.
As dúvidas e as incertezas fazem parte desta geração. A chamada geração Z. Se eu na minha assisti ao desenrolar do avanço tecnológico, estes miúdos de agora são os chamados nativos digitais. Se nós, “Millennials”, tiramos partidos de Uber’s, Airbnb’s e Facebook’s, os “Z’s” irão tirar muito mais. Com uma agravante: se não obtiverem o que querem de forma rápida e consequente, acabam por desistir. São a geração que configuraram e voltam a configurar, actualizam mas acabam por descartar.

A dúvida instala-se para este futuro digital, desmaterializado, mas muito particular e personalizado que os “Z’s” vão encontrar. Cada um deles faz ou fará cada mais o seu percurso de forma própria, mas não isolada. Interactiva e iterativa. Mas com dúvidas.

As dúvidas são a consequência desta rapidez digital, imaterial, indistinta e descartável que se instalou nas nossas vidas, nas vidas deles, nas vidas de toda a gente. Esta angústia de termos que ter tudo e de termos que saber tudo, não à distância de um clique, mas do deslizar do dedo instalou-se no nosso quotidiano, nos nossos empregos, nos nossos negócios.

Configurar, actualizar e descartar. Ter tudo e não ter nada. Tal e qual como tem o Facebook, o Uber e a Airbnb.

Designer e Dean da Escola de Tecnologias, Artes e Comunicação na Universidade Europeia

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