Passados 14 anos, regressa a democracia à cidade de Lisboa e já vamos ouvindo aqui e ali alguns tremores. Parece que para alguns a democracia e a tolerância só são bem-encaradas quando elege o “nosso” candidato e alinha no nosso discurso, respetivamente.

Ganhámos contra tudo e contra todos, foi assim que disse Carlos Moedas na noite da vitória e foi mesmo isso que aconteceu. Não há melhor forma de descrever a campanha de Carlos Moedas. Foi literalmente contra tudo e contra todos. Explico porquê!

Podemos começar pelas sondagens, desde do início que não houve uma única que tenha sequer ficado próxima da realidade. Não sou entendido, longe disso, mas a perceção que fui tendo nas poucas arruadas que fiz, nas redes sociais que fui seguindo e nos contactos sociais que fui fazendo, mesmo sabendo que valem o que valem, davam-me indicações contrárias às das sondagens. Todos os comentadores políticos e não só, antes, durante e depois dos debates alegavam constantemente que Moedas teria perdido o combate com Medina que em todos eles mostrou-se sempre muito arrogante, com uma presunção indesculpável e sem o mínimo de humildade para aceitar críticas que chegavam da esquerda à direita. Ali, nos debates, a verdade incontestável estava com Medina.

Os únicos que acreditaram desde do primeiro dia e cada vez mais a cada dia que passava foram os da equipa do Moedas, onde incluirei todos os simpatizantes e militantes que andaram em arruadas, e Rui Rio. A probabilidade para todos os demais era hiper-reduzida, mas as surpresas acontecem. Aconteceu e os Lisboetas devem ficar satisfeitos com a vitória de Moedas e não temerem o que a partir de segunda-feira começaram a ouvir e ler sobre o que irá acontecer a Lisboa. Não, meus caros, Lisboa não vai retroceder em nada. Pelo contrário.

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Se ouvirem por ai dizer que Moedas é contra as ciclovias e contra a mobilidade verde, não acreditem. É falso. Moedas não só é a favor das ciclovias e da mobilidade verde como também quer criar a cidade dos 15 minutos e isso como se sabe só é possível com uma mobilidade verde e ciclovias. A diferença está na forma como se irá desenvolver esse trabalho que ao invés de ser através de imposições, restrições e proibições será feita numa transição suave e sustentável e dando alternativas a quem cá mora.

Não se pode de um dia para o outro proibir a circulação dos automóveis dos lisboetas sem que antes se preparem as alternativas. Vilipendiar o automóvel não é a solução. Quando se quer criar a ZER (Zona de Emissões Reduzidas) não se está com certeza a pensar nos moradores que dificilmente poderão adquirir um carro elétrico para poderem circular. É uma imposição que não pensa nos que cá moram. Sou da opinião que os Lisboetas devem poder escolher qual o meio de mobilidade que querem usar para fazerem o seu dia-a-dia. A partir de agora os Lisboetas podem perfeitamente ir de casa para a escola dos filhos de carro porque a maior parte das vezes a ciclovia ou os transportes públicos não são alternativa quando se tem crianças estacionarem o carro durante o dia, a metade do preço, e usar para o trabalho um meio de transporte mais verde, seja pessoal seja público. É para isso que serve a redução dos 50% na EMEL. Sendo que os primeiros 20 minutos de parquímetro são gratuitos podem levar os filhos, voltar a casa e ir para o trabalho de trotinete ou simplesmente ir ao outro lado do bairro à mercearia do senhor Zé.

Por mais que custe a alguns, os carros dos Lisboetas têm direito a circular pela cidade. Infelizmente nem todos têm oportunidade, de um dia para o outro, de adquirir um carro elétrico de que tanto gostam os governantes endinheirados.

Carlos Moedas é um democrata e agirá com tal. Nada será imposto apenas porque sim. As populações serão ouvidas.

O caso da EMEL nos Olivais é flagrante. Foi entrando com o apoio refundido da sua presidente, Rute Lima, que, enquanto prometia referendos aos Olivalenses, dizia em viva voz, em 2017, em vésperas de eleições, que com ela a EMEL não entraria nos Olivais. Entrou, cá está e foi tão mal implantada que nem as marcas de estacionamento do chão estão corretas. Tudo à revelia, tudo à lei da imposição, da proibição, da retaliação. Com Carlos Moedas não será assim. Tenho a certeza. Caminharemos para uma cidade sustentável com a colaboração de todos, pacificamente, calmamente e arranjando soluções a cada problema.

Novos tempos significa isso mesmo, tempos em que o cidadão comum será chamado a colaborar, opinar, sugerir e encontrar em conjunto com uma câmara não autista as melhores soluções para cada freguesia. Esqueçamos os velhos tempos de intolerância, crispação e autismo.

Demos as boas vindas aos Novos Tempos!