O meu filho veio para casa, novamente com ensino à distância. A sua escola fechou.
Porquê?
Porque houve três (3) alunos que testaram positivo à Covid-19. Como consequência, foi determinado que sete (7!) turmas e setenta e dois (72!!) professores deveriam ser confinados.
Nenhuma escola consegue funcionar com 72 professores encerrados em casa. Por isso, a escola fechou. E 900 alunos foram para casa.
Porque houve três alunos que testaram positivo. Três casos positivos, que foram considerados “um surto”.
Resta lembrar que os professores da escola já tinham sido todos vacinados.
Afinal de que serve a vacina? Se tudo se processa da mesma forma, como antes dela? Afinal não era para aguentarmos firmes, suportarmos tudo, até… à vacina?
No entanto, é assim que anda o país. Tudo se processa da mesma forma, ao longo dos meses.
Quando, em Janeiro, tivemos números máximos diários de 16.432 novos casos, 303 mortes, com 181.811 casos activos, 6.869 internados, 904 em cuidados intensivos, as autoridades impuseram um novo confinamento e sucessivos estados de emergência, com limitação ao trabalho, aos movimentos, aos encontros, à vida de cada um.
Tudo com o objectivo de reduzir estes números.
Evitar a sobrecarga dos serviços de saúde.
Até termos uma vacina.
Pelo menos foi o que eu entendi.
Só que…
Desde 15 de Março que iniciámos o desconfinamento, para pânico do nosso Presidente, mesmo sendo a “conta-gotas”. E, mesmo a desconfinar, continuámos a diminuir os números, a reduzir a sobrecarga dos serviços de saúde, e a aumentar a vacinação.
Os novos casos diários, desde o início do desconfinamento, flutuaram entre uma média semanal de 610 (a 12 de Abril) e 326 (a 10 de Maio), estando agora há várias semanas em valores estáveis de 400 (2,5% do pico de 16 mil casos de Janeiro).
As mortes diárias descem desde o pico, sendo actualmente, em média, de uma morte por dia (0,33% do pico de 303 mortes de Janeiro).
Os casos activos desceram até estabilizarem no valor actual de cerca de 22 mil (12% do pico de Janeiro).
Os internados e em cuidados intensivos têm descido a sua média semanal, de forma constante, desde esse máximo de Janeiro, estando actualmente em valores, respectivamente, de 218 e de 56 (correspondendo a 3,2% e a 6,2% do pico).
E começando com zero vacinados, passámos agora para mais de um terço da população com pelo menos uma dose da vacina.
Mas afinal, tudo isto para quê?
Agora que já não há números significativos de nada e que já há cada vez mais vacinados, continua mesmo assim a loucura de limitar a actividade profissional, os movimentos, os encontros e a vida de cada um. Se previamente isso era justificado pelos tais números elevados de tudo, e para proteger os nossos serviços de saúde, agora é para evitarmos hipotéticas (e infinitamente possíveis) novas subidas dos reduzidos números de hoje.
Não há fim para esta loucura generalizada.
Se não há números agora… é porque pode vir a haver, se não cumprirmos, se não mantivermos as medidas.
Em alguns países, já se permite aos vacinados que se desmascarem. Por cá, mesmo vacinados, continuamos mascarados, limitados e (potencialmente) confináveis.
Lá fechou a escola do meu filho, mesmo vacinados, com máscara e com limitações múltiplas, quase sem casos de Covid-19. Foi tudo mandado para casa, por causa do número assustador de três alunos positivos.
Algures, o nosso Presidente abana a cabeça com ar grave e pensa: “Eu bem avisei”.
A hipocondria e a germofobia são um poço sem fundo, que nunca está satisfeito. Quando houver zero casos e já todos estivermos vacinados, hão-de continuar a querer manter as medidas e as limitações, em nome dos casos que poderão vir a aparecer, das variantes, da perda da imunidade, de novos vírus e pandemias.
Não há fim para esta loucura generalizada.