Em Novembro de 2023 o Primeiro Ministro de Portugal era António Costa e o PS governava Portugal sustentado numa maioria absoluta no Parlamento. A tudo isto o CDS assistia fora do Parlamento com dificuldades em sobreviver.
Em escassos meses tudo mudou. O CDS voltou ao Parlamento e integra o Governo de Portugal.
Vivemos ainda em ressaca a AD concorreu a de novo a AD venceu. Nunca uma AD ficou atrás do PS em eleições legislativas e mesmo com o surgimento de dois partidos à direita do PS a AD recolhe mais votos que o PS. Foi assim em 1979 em 1980 e em 2015 e voltou a ser assim em 2024. A AD vence ao PS, solidificando a ideia que defendo que existe um eleitorado AD.
Mas nestas eleições o espaço à direita do PS reconfigurou-se e poucos ainda identificaram as alterações e as suas consequências. 50 anos democracia é tempo de PSD e CDS refletirem sobre o seu futuro e o seu papel na democracia.
O CDS tem este fim de semana o seu congresso e uma oportunidade de iniciar uma reflexão sobre o seu papel na democracia 50 anos depois do 25 de Abril. Para o CDS a reflexão será mais dura mas é mais evidente. O CDS em 2021 foi a eleições sozinho em listas próprias e não elegeu um só deputado. Ficou fora do Parlamento numa experiência traumática para o partido. O CDS em 2024 tinha duas opções. Ou lutava para voltar sozinho à casa de onde saiu sozinho, afirmando-se como partido autónomo na democracia portuguesa apresentando-se ao pais em listas próprias ou optava por integrar uma coligação pré-eleitoral que lhe facilitaria o regresso ao parlamento e favorecia uma vitória da direita nas eleições. Perante este dilema o CDS optou por aceitar uma coligação com o PSD, favorecendo uma vitória da direita mas e essa opção tem consequências para o futuro.
Um partido que sai do parlamento sozinho e que volta por via de uma coligação dificilmente voltará a eleger deputados sozinho ao Parlamento. Não estou com isto a criticar a decisão da direção do CDS. O CDS tomou a decisão certa. O que não podemos é pensar que a decisão não terá consequências. As reflexões são duras. O CDS como partido autónomo não tem futuro. E esta reflexão não deve ser feita apenas pelo CDS mas também e principalmente pelo PSD, enquanto maior partido do espaço não socialista. PSD e CDS têm de olhar para o futuro porque o panorama partidário mudou e não volta para trás.
Quem venceu as eleições não foi nem o CDS nem o PSD. Quem venceu foi a AD. Chamo a atenção para este ponto porque é tempo de PSD e CDS encararem de frente o projeto de institucionalizarem a AD.
Só a AD institucionalizada se pode como federação do espaço não socialista um projeto reformista capaz de travar o crescimento à nossa direita do Chega. Só uma AD institucionalizada pode manter o PS e a esquerda longe do governo. 50 anos depois do 25 de Abril é tempo dos dois partidos perceberem que, fruto das várias coligações em autarquias, regiões autónomas e governo da republica hoje os dois eleitorados não se distinguem. Os dirigentes são distintos mas o eleitorado é comum. Existe um eleitorado AD à espera de um processo de federação da direita.
Naturalmente que não se pode acabar de um dia para o outro com partidos políticos que têm a sua história enraizada na sociedade. O que defendo é que os partidos, pelo menos numa primeira fase, coexistam com um a AD progressivamente mais institucionalizada.
Para além das comissões políticas de PSD e CDS é tempo da AD criar a sua comissão política com membros do PSD e do CDS que orientam a política partidária e a ação governativa.
No parlamento em vez de dois grupos parlamentares CDS e PSD devem assumir um único grupo parlamentar. Mais do que mais uns minutos de tempo de antena no parlamento e nas televisões o importante é que os portugueses percebam que a AD é um projeto de futuro para mudar Portugal na próxima década.
Sou militante do CDS há duas décadas mas tenho noção que o futuro da direita não passa pelo CDS como partido autónomo. O CDS como partido autónomo tem um grande passado mas não tem futuro.
Da parte do PSD cabe-lhe ser o motor da mudança e de um projeto federador. O futuro é a AD, são os Novos Tempos e é Portugal à Frente. É tempo de institucionalizar um movimento que federe sociais democratas, centristas, democratas cristãos, liberais, e conservadores de direita democrática.
Uma federação que permita que quadros de grande valor do CDS e do PSD possam agregar e federar e partilhar um projeto para servir o país, em vez de ficarem acantonados num CDS sem futuro enquanto partido autónomo ou num PSD com tensões cada vez mais evidentes.
Este projeto de institucionalização da AD foi um projeto que foi desenhado por Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa e que só não foi concretizado nos anos 80 por causa dos trágicos acontecimentos de Camarate.
Em 2015 Pedro Passos Coelho e Paulo Portas iriam caminhar para esta caminho não fosse a geringonça. Com Luís Montenegro e Nuno Melo é tempo de se concretizar o sonho de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa e formar uma grande federação da direita democrática.
Alguns dirão que o tempo ainda não é este. A esses respondo. O tempo é agora. Os desafios estão à nossa frente e vêm da direita e da esquerda. Só não vê quem não quiser. Não é cedo demais. Espero que não seja tarde demais.