Vivemos num estado social, ninguém duvida disso. E ninguém duvida das vicissitudes que tal pertença acarreta.

O estado social, bom para quem governa, desculpa para malabarismos estrategicamente programados, sempre a bem do povo, e igualmente bom para quem se mantém no limbo pseudo-profissional e académico do dolce fare niente, porque afinal é sempre bom mantermo-nos em casa… seja dos pais ou do estado, assim haja quem de nós cuide.

E os contribuintes portugueses, que pensam eles do estado social?

É fácil iludir os desatentos, na verdade e infelizmente a grande maioria. Aos outros nada mais resta do que mostrar o seu desagrado das formas que cada um, ainda lúcido, consegue alcançar.

O estado quer-se social na habitação, na saúde e na justiça, na educação, nas empresas públicas falidas e até na corrupção.

Para quem gosta de ser orientado e manipulado, nada mais fácil do que ter alguém a guiar vidas vazias, caóticas, incólumes e errantes.

Para os que trabalham e, na verdade, permitem, fruto do seu trabalho, que o Estado descaradamente utilize o contributo obrigatório da sua labuta diária, esses discordam veementemente, apesar de apelidados de um cem número de adjetivos qualificativos desprovidos de verdade, mas carregados de raiva e obscenidades.

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São estes mesmos que discordam que os filhos permaneçam em casa por a vida, discordam do colo e da mansidão oportuna e hipócrita, do não empreendedorismo, mas que vivem sufocados pela roda cada vez mais pungente e castigadora das contribuições.

Da habitação muito se tem falado mas na verdade onde se encontra o estado social para regular a especulação imobiliária, onde se encontra o estado social para não permitir que emigrantes endinheirados facilmente se ocupem do que os nossos jovens tanto necessitam e veem cada dia que passa mais longe, fruto da ambição e especulação imobiliária que se gera? Onde está o estado social para apoiar quem tanto se sacrificou para adquirir e puder obter dividendos, por exemplo, de uma habitação? Onde está o estado social para monitorizar os vistos gold, onde está o estado social para ajudar quem trabalha e produz riqueza de igual modo aos que, por vicissitudes ou infelicidades da vida, não o podem fazer?

Mas o estado é social, disso não duvidem, gasta fortunas em formação académica e no final, encerra as portas aos jovens recém-licenciados, porque o estado social não sabe criar riqueza, apenas gastá-la, ou melhor, esbanjá-la.

Mas o estado social é tão benévolo e caridoso que cria licenciados bem preparados para os lançar ao mundo. Prefere dar em vez de receber, perder em vez de lucrar.

Mas a benevolência do estado social não se fica por aqui, na saúde gasta fortunas na formação especifica dos jovens médicos especialistas e aí o estado benemérito continua a sua missão, pois poucos são os que permanecem no SNS.

O estado é tão social que mantém os mesmos padrões desde há séculos no que diz respeito à educação. Mantemos uma educação semelhante desde a revolução industrial, criada para formatar mentes e não para criar pensadores livres e irreverentes.

Enquanto não forem criados mecanismos de controle da saída de jovens médicos para os hospitais privados, enquanto não forem criados mecanismos justos para atribuição de habitação para todos, incluindo para os que trabalham e geram riqueza, enquanto indivíduos empreendedores não forem valorizados, pois são também eles, quem, fruto da sua ambição mas, e sobretudo, da sua ousadia, irão gerar riqueza, continuaremos a caminhar para que o estado social nos leve ao abismo e nos engula de impostos, taxas e contribuições.

No final pensamos todos o mesmo, vale a pena trabalhar? Vale a pena sair diariamente da zona de conforto? Eu ainda acredito que sim e para alguns, ainda percebo que o estado seja social, mas se o estado não fizer reformas profundas nos sectores mais importantes, rapidamente se autodestruirá e aí, acaba-se o social, e como ficará o estado?