Estamos a viver mais um período de acentuada mudança com grande impacto nas empresas. São vários os veículos dessa mudança.
Quais são as tendências do Mercado de Trabalho nos dias de hoje?
- Gig Economy: pessoas que trabalham em posições temporárias ou trabalhadores independentes. As plataformas digitais ligam estes freelancers com as empresas, que adaptam a dimensão da força de trabalho consoante as necessidades. Estes trabalhadores, na grande maioria dos casos, têm uma fraca capacidade negocial, pelo que a regulação deste mercado é urgente;
- Empresas em rede: este modelo caracteriza-se por estruturas fluídas e descentralizadas, com base virtual (plataformas), é operado por equipas semiautónomas, que exigem aprendizagem e feedback constante;
- Digitalização: ou seja, reengenharia de processos, mais mecanismos de controlo e teste, flexibilidade e trabalho remoto. Re-skilling é imperativo para garantir empregabilidade.
Quais são as tendências da Sociedade?
- Sustentabilidade: os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) levaram a que a Sociedade espere que as empresas tenham em linha de conta o impacto dos seus actos no planeta e nas pessoas. Assim, os processos de trabalho, os modelos de negócio e a gestão das pessoas devem assegurar progresso económico, equidade social e qualidade ambiental;
- Alterações nos hábitos de consumo: compras online e preferência por modelos de consumo sustentáveis estão a crescer.
Quais as expectativas dos Trabalhadores?
- A acrescentar à importância de uma compensação equitativa que tenha em conta o gap geracional e aos “benefícios à medida”, a flexibilidade laboral ganha mais peso;
- Aos percursos de carreiras junta-se a procura pelo Work-Life Balance;
- A procura pelo Propósito: como sentimos que estamos a contribuir e como fazemos a diferença.
Face as estas mudanças, em que se traduz a resposta social das instituições?
Contribuir para regular o mercado dos Gig Workers e ir de encontro à exigência de formas de atuação sustentáveis: as práticas empresariais podem compensar falhas nas políticas públicas e responder às tendências da Sociedade, através das políticas de recursos humanos e do investimento que proporcionem sustentabilidade social e dos produtos/serviços produzidos.
E como devem na prática atuar as empresas? As políticas e práticas têm que estar alinhadas para que a Sociedade dê o salto qualitativo que se impõe. Alguns exemplos.
Desenho dos postos de trabalho com enfoque na valorização do contributo individual: são um instrumento fundamental para promover o desenvolvimento pessoal e profissional, proporcionar uma melhor integração dos indivíduos na sociedade, através de condições remuneratórias adequadas e reforço da autoestima;
Liderança colaborativa: incentivando a contribuição de todos, integrando a equipa em torno de propósitos partilhados;
Organização de equipas fomentando a diversidade: de culturas, de género, de idade, integrando elementos que a sociedade tende a marginalizar. O contacto com a diferença implica que o que era diferente passa a ser familiar;
Dar prioridade às apreciações positivas: que fomentam o respeito pelos outros;
Não tolerar comportamentos discriminatórios nem qualquer tipo de assédio: a discriminação e o assédio conduzem ao medo, à desconfiança, a comportamentos destrutivos e têm na sua base a mais profunda falta de respeito pelo seu semelhante.