No mês passado, tive a honra de me juntar ao grupo de Embaixadores do Stanford Center on Longevity, que reúne 15 profissionais e académicos de várias partes do mundo (Canada, EUA, França, Índia, Itália, Reino Unido… e Portugal). Cada um de nós dedica-se a uma dimensão específica da longevidade, investigando como esta pode transformar as diferentes fases da vida. O nosso trabalho tem como base o Novo Mapa da Vida de Stanford, uma visão inovadora que revela o impacto e as oportunidades que a longevidade pode proporcionar em cada etapa do percurso da vida.
Com a expectativa de vida prestes a atingir os 100 anos, o Stanford Center on Longevity apresenta uma visão audaciosa para que as sociedades e os negócios possam capitalizar os benefícios de uma população em envelhecimento. Em vez de considerar o envelhecimento demográfico uma crise, o relatório “New Map of Life” (Novo Mapa de Vida) recomenda uma abordagem que vê o aumento da longevidade como uma oportunidade para reimaginar os pilares de educação, trabalho e reforma, de forma a integrar flexibilidade e resiliência ao longo da vida.
A tradicional divisão de vida — educação, trabalho e reforma — está ultrapassada. O relatório sugere um modelo flexível, que permite intercalar períodos de aprendizagem, carreira e renovação pessoal. Para as empresas, isso significa a possibilidade de integrar talentos experientes e qualificados que ainda querem contribuir, num momento em que a escassez de mão de obra é crescente em muitos setores.
O conceito de envelhecimento é redefinido: em vez de uma fase de inatividade, vê-se a idade como um ativo, impulsionando a diversidade etária no local de trabalho. Políticas que eliminem estereótipos e promovam essa inclusão permitirão uma transferência de conhecimento entre gerações, criando valor para todos os envolvidos.
A saúde também é central para o sucesso de uma sociedade longeva. O relatório defende a ideia de “tempo de saúde” — ou seja, prolongar os anos em que as pessoas permanecem ativas e saudáveis — com investimentos em cuidados acessíveis e tecnologias como a telemedicina. Empresas de saúde e tecnologia têm aqui uma oportunidade de expansão para atender a este mercado crescente e diversificado.
No setor financeiro, a longevidade exige novas abordagens de poupança e investimento, adaptadas a vidas mais longas e a perfis de ganhos intermitentes. Estratégias que suportem pausas na carreira e períodos de requalificação criarão estabilidade financeira a longo prazo e reduzirão a dependência dos modelos tradicionais de reforma.
A “New Map of Life” sublinha ainda a importância de fortalecer laços intergeracionais, com cinco gerações possivelmente a coexistirem. A colaboração entre gerações não apenas enriquecerá as comunidades, mas ajudará a formar uma cultura organizacional que valorize contribuições diversas.
Para as empresas, este relatório oferece um mapa estratégico para liderar em direção a uma sociedade preparada para a longevidade. Ao promover políticas que incentivem a flexibilidade, inclusão e a saúde prolongada, as empresas estarão mais bem posicionadas para atrair uma força de trabalho diversificada e para se consolidarem como pioneiras em criação de valor económico e social.
Como académica e diretora do programa de formação executiva em Longevity Leadership na CATÓLICA-LISBON, quero continuar a sensibilizar as pessoas e as empresas para se prepararem melhor para esta grande oportunidade!
Portugal e Lisboa têm tudo para se tornar um hub de Longevidade!